aesthefill

O que o Aesthefill tem de diferente? Novo bioestimulador a base de PDLLA

Ácido PoliLáctico (PLA) é mesma coisa que o PLLA (Ácido Poli-L-Láctico)?  Ou então será que é igual ao PDLA (Ácido Poli-D-Láctico)? Ou ainda: é a mesma coisa que PDLLA (Ácido Poli-D-L-Láctico)?

Eu diria que pode-se dizer que sim, mas também pode-se dizer que não. 😬

Porque estou perguntando isso? Voce já vai descobrir. Se voce tem gatos, não se preocupe, fica tranquilo que nem sempre a curiosidade mata o gato.

Mas a questão é: a cada hora uma coisa nova surge e lá vamos nós absorver mais conhecimento e tentar entender o que nem sempre é “entendível” por nós meros dentistas.

E preciso adiantar: virão alguns parágrafos com informações que parecerão mais complicadas ainda, mas não desistam. Vai agregar, prometo!

Explicando…

Todos estes polímeros (PDLA, PLLA, PDLLA and meso-PLA), advém do ácido lático que é um ácido orgânico obtido a partir da fermentação do amido, glicose, lactose ou sacarose seja de forma natural ou sintética.

O ácido lático, devido suas características, possui duas moléculas idênticas porém invertidas, como se fossem imagens refletidas em um espelho. O termo correto utilizado para se referir a este tipo de “moléculas idênticas” mas invertidas e não sobreponíveis entre si é enantiômero.

Os enantiômeros do ácido lático são: o ácido D-lático e o ácido L-lático. E são a partir desses que o  ácido polilático (PLA) é criado. E nesse momento é possível obter 4 substâncias distintas de ácido polilático (PLA): o ácido poli-D-láctico (PDLA), o ácido poli-L-láctico (PLLA), o ácido poli-L-D-láctico (PDLLA) e o meso-PLA.

Mas apesar do PDLLA e o PLLA pertencerem ao grupo dos PLA eles possuem características significantemente diferentes entre eles:

A temperatura de transição vítrea (falaremos sobre isso futuramente aqui no blog), temperatura de fusão e a resistência a tração do PDLLA são menores em relação ao PLLA, mas a degradação do PDLLA é mais rápida do que a do PLLA.

E um ponto importante é que as propriedades mecânicas e a cinética de degradação do PLLA, semicristalino, são bastante diferentes das do PDLLA, completamente amorfo.

Se você chegou até aqui e não parou de ler a algumas linhas acima, deve estar se perguntando o que te interessa saber sobre isso, estou certa?

Tentando Simplificar…

Existem no mercado dois biomateriais microparticulados bioativos; um à base de PDLLA e um outro à base de PLLA, são eles: o AESTHEFILL® (REGEN Biotech, Seoul, South Korea), importado pela Derma Dream e o SCULPTRA® ( Q – MED AB – SUÉCIA), importado pela Galderma Brasil LTDA, respectivamente.

O SCULPTRA® existe na Europa desde 1999 e nos EUA desde 2004 e o AESTHEFILL® vem sendo usado desde 2014 na Europa e ganhou o campo do Brasil, com aprovação da ANVISA, há pouquíssimo tempo, janeiro de 2021. Sobre a composição desses dois materiais, já falamos por aqui.

Ambos seguem os mesmos protocolos de reconstituição, ou seja, 8 ml de água de injeção e 2 ml de anestésico, porém em trabalhos de casos clínicos sobre o AESTHEFILL® é possivel encontrar  reconstituições variadas, que podem ir de 1,4ml a 4 ml, e ainda assim apresentam algum nível de segurança mesmo nestas concentrações.

Minha hipótese é de que isso é possível justamente pela diferença de formato de partícula deste produto em relação ao SCULPTRA®. E é exatamente sobre isso que quero falar agora, a diferença das…

Características/formatos das partículas…

O AESTHEFILL® possui uma micropartícula esférica porosa, diferentemente do SCULPTRA® que possui partículas em formato de fragmentos irregulares.

Essa diferença se faz importante por alguns grandes motivos:

  • Pelo fato de AESTHEFILL® ter partícula esférica, isso reduz a chance de ocorrer aglutinação de partículas até quando se considera os erros de técnica de aplicação; além de permitir áreas de aplicação que não são recomendadas pelo SCULPTRA®, como fronte e região periorbital.
indicações do Aesthefill,
Aqui estão as recomendações de uso do Aesthefill. As únicas regiões que não tem indicação em nenhum dos dois materiais são em área perioral e lábios.

  • Todo bioestimulador que permanece por menos tempo no tecido, tempo menor que 1 ano, ganha alguns pontos positivos, ao meu ver, no que se refere a segurança de reduzir possíveis respostas inflamatórias e granulomas. E neste quesito o AESTHEFILL® está em vantagem pois sua reabsorção é mais rápida que a do SCULPTRA®.

Esta não é uma informação disponibilizada nos trabalhos científicos do próprio produto e tampouco nos trabalhos sobre o material. Mas ao estudar um pouco sobre as características dos dois polímeros é possível entender que a cristalinidade, as características do tipo de porosidade e estrutura dos materiais estão ligadas diretamente no processo de absorção de água e isso reflete diretamente na hidrólise do material.

Sendo o PDLLA uma substância totalmente amorfa, esta sofre uma hidrólise de forma muito mais acelerada do que o polímero cristalino PLLA.

Porém temos aqui uma lacuna importante a ser investigada, pois não há trabalhos que mostrem o tempo de duração médio destas esferas de PDLLA no tecido, nem tão pouco estudos histológicos consistentes sobre isto. Pelo menos não na literatura disponível hoje nos agregadores de artigos.

  • O fato das partículas do AESTHEFILL® serem porosas, facilitaria a migração celular para o interior das partículas, fazendo com que estas atuem  como um arcabouço o que favorece a produção de colágeno.

Porém cabe dizer aqui que não é possível afirmar que nas partículas do AESTHEFILL® ocorra exatamente assim, pois o tamanho e distribuição dos poros também interferem neste quesito e esta informação, infelizmente, não é disponibilizada pelo fabricante e também não há trabalhos sobre o produto que mencionem esta característica.

Um resumo.

Temos um novo material (AESTHEFILL®) com as mesmas características de biocompatibilidade, de biodegradação e de bioatividade que o já conceituado produto referência, o SCULPTRA®.

Porém com características que prometem conferir mais segurança no que diz respeito à formação de nódulos e possíveis granulomas, pelas características do material e pelo tempo que permanece no tecido.

Por conter partículas esféricas que reduzem suas chances de aglutinação permite inclusive ser utilizada em zonas que não tinham indicações anteriormente (fronte e região periorbital), para o uso do PLLA. E ainda por conter partículas porosas tendem a induzir mais formação de colágeno.

Ou seja, este produto, AESTHEFILL®, me parece “corrigir” os pontos fracos apresentados pelo SCULPTRA®, ainda que seja um produto relativamente novo e com poucos estudos.

Mas me parece bastante promissor, não? Vocês já usaram? Me conte se já tem experiencia com o material. Beijos e até o próximo causo.


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Publicado por:
Mestranda em Harmonização Orofacial, Especialista em Harmonização Orofacial e Ortodontia, é coordenadora clinica dos cursos presenciais do Instituto Velasco, atuando em várias áreas dentro da Harmonização Facial. Atua na área desde 2011.