Nós mudamos de apartamento no início deste ano. Nem foi uma mudança tão brusca, estamos no mesmo bairro a 10 quadras de nosso antigo cafofo, mas com uma diferença bem grande porque agora dá pra fazer praticamente tudo a pé, desde mercado, farmácia, padaria até nossa tradicional visita a ala de cachorrinhos do Parque da Independência todo domingo de manhã. E sábados quando possível.
E por fazer tudo a pé, e também por termos uma cachorra muito educada que não consegue fazer xixi nem cocô em casa, temos que sair pelo menos 3 vezes ao dia com ela pra ela usar das ruas para este fim.
Em um destes passeios, num final de semana, a Roberta me falou que tinha encontrado (veja: aqui o “encontrado” não porque é algo escondido, mas é uma área que passeamos menos) um restaurante e que quase todas as vezes que ela passava por lá, tinha fila na porta. Associado ao olhar aguçado para o que servem por lá, ela viu em várias mesas pessoas comendo Bife a parmegiana.
E ficou com vontade de ir nesse restaurante, até que poucas semanas depois conseguimos ir pra lá enfrentar uma fila e saciar o desejo da Roberta (e, porque não, o meu também…) para experimentar o tão famoso parmegiana.
E realmente parecia ser o carro chefe da casa. Depois de 40 min esperando na fila da rua, entramos em um lugar bem cheio, meio abafado, quente. Nossa mesa ficou estrategicamente posicionada em um canto com janela, que dava pra ver boa parte do salão. Péssima impressão inicial pelo atendimento, confuso, desorganizado, mas ok, pedimos a tal Ilha de parmegiana (sim, o nome do prato que os olhos da Roberta cobiçou).
Demorou muito tempo para chegar nosso prato, e percebemos um padrão muito estranho. Várias, e várias mesas atendidas em nossa frente pediram o mesmo prato e na hora do garçom colocar o molho com queijo derretido (muito queijo, diga-se de passagem) num bife empanado pantagruélico. E em todas as mesas pelo menos um dos presentes sacava o celular para tirar uma foto da proeza.
Algumas mesas chegaram a um extremo de todos os participantes tentarem captar exatamente o mesmo vídeo do molho com queijo sendo colocado sobre o bife, que estava lá, coitado, frito e inerte em uma bandeja do tamanho de um bodyboard com batatas fritas caindo pelas beiradas (sacaram o nome? O bife é a tal ilha em um mar de batatas fritas…).
E mais interessante: quando o nosso chegou, antes de colocar o molho, o garçom meio que “pediu autorização” pra servir porque não estávamos com o celular na mão para documentar o feito. Estranhou tanto que perguntou “mas vocês não vão filmar?”.
Obviamente que não, havia passado 1h20 desde que entramos na fila. A fome estava batendo forte, e além disso, o que pode me interessar um vídeo de 10 segundos do molho sendo colocado sobre um bife? E mais ainda, ainda que tivesse documentado, isso ficaria guardado em algum lugar da nuvem para sumir de vez ou daqui alguns anos aparecer do nada quando estiver vendo minhas fotos e eu lembrar do tempo da espera, do restaurante quente e da comida que, ainda que farta, não foi nada marcante.
Hoje, entendo que isso tem até um nome: é um restaurante com pratos “instagramáveis”. Nesse caso, prato mais guiado pela boçalidade do tamanho do prato (que naquele dia alimentou 4 pessoas no restaurante e foi comido por mais 4 no dia seguinte com o que levamos pra casa) do que pelo sabor final.
Não absorvi ainda o uso do Instagram. Não sei porque as pessoas PRECISAM compartilhar tudo o tempo todo.
Parei de usar minha conta privada no início de 2018 , quando comecei a achar que há imagens que precisam ficar mais na minha cabeça do que expostas por aí. Quando parei de usar, mostrava imagens que me interessavam, que de algum modo tiveram sua importância em algum momento, mas pra mim, perdeu a importância, ou a necessidade, de compartilhar o que vivo com os outros.
E não sei, talvez seja uma percepção minha, mas depois disso todas as vezes que acessava o Instagram percebia que ele estava cada vez mais se convertendo em um grande catálogo de propaganda.
Cada vez menos via postagens das pessoas que me interessavam, e cada vez mais passava a ver propagandas.
Do tipo “faça 50K por mês com minha estratégia”, ou então “aprenda como converter mais pacientes de um jeito que ninguém faz”…
Hoje, isso atingiu um limite que beira o insuportável. Porque até as pessoas que eu seguia adotaram também o padrão de mostrar o que vendem, como um catálogo. E dá-lhe fotos de antes e depois, propagandas de cursos, mensagens edificantes junto com autorretratos milimetricamente calculados, olhares perdidos no horizonte e poses que tentam dar um ar de despojamento quando, descaradamente, são mais artificiais que chiclete sabor melancia.
Ou então (Os piores!!) se converteram em personagens do que gostariam de ser e passaram a compartilhar as coisas mais fúteis e inúteis, seja por reels, feeds ou stories, enchendo meus olhos, ouvidos e drenando minha endorfina com coisas que, em absoluto, não me interessam.
Então você me pergunta:
Mas quem te obriga a olhar isso tudo? Desinstale o aplicativo e esqueça, deixe de se incomodar, oras!
Antes fosse fácil assim. Na verdade sou tomado por um medo, ainda que reduzido, de perder o pouco de engajamento que tenho para captar alunos e pacientes. Acompanho o Instagram com fins puramente comerciais, tanto que só não apaguei minha conta pessoal porque o email que usava para acessar não existe mais e esqueci a senha de acesso ao Instagram, daí teria um trabalho muito grande para tirar aquilo do ar. Deixei lá, ao lado do meu Tumblr, meu Facebook, do meu Twitter e do meu Flickr, ocupando espaço em algum servidor por aí até o serviço sair do ar em permanente e a nuvem dissipar.
Tá bom, então onde você quer chegar?
Vamos entrar já nesta questão, mas cabe informar que este texto é uma continuidade não linear do que falei em postagens anteriores sobre a polêmica do fenol fatal, dos currículos fakes, dos doutores que nunca foram doutores e do picolé de xuxu diet que a divulgação científica se transformou dentro da Harmonização.
Em resumo, é mais um texto que vou reclamar.
Influenciadores HOF, ou os Hofluencers
O papel dos professores que acompanho na área da Harmonização Facial parece estar sendo substituído por profissionais que tem capacidade comercial maior que a capacidade de ensino. São influenciadores digitais que se dizem professores, e não o contrário.
Pior é pensar que “influenciador” nem era profissão há alguns poucos anos atrás. Hoje, é uma profissão cobiçada e mais oca que um bambu seco. Beto Silva, do Casseta e Planeta, conseguiu sintetizar em detalhes o que este profissional faz:
– Qual é a sua profissão de verdade?
– Eu sou um Influenciador.
– E o que faz um Influenciador?
– Um Influenciador influencia quem quer ser influenciado.
– Mas o que você faz para influenciar?
– Exerço influência, ora!
– Influência em quê?
– No que a pessoa quiser, ora!
No caso dos Hofluencers, a resposta pode ser mais complexa e dar um ar mais técnico. Supomos que estes tenham o seu 3o. Grau completo, são profissionais da área da saúde, e tiveram (em maior ou menor nível) acesso a informações científicas validadas em algum momento da vida.
Então quando um deles posta, em um vídeo de 30 segundos, o que você precisa fazer para seu Botox durar mais, o poder de influência dele é maior porque afinal ele “estudou o assunto.
Ou então quando um influencer se diz criador de uma forma inovadora de estímulo de colágeno, de preenchedor, de toxina botulínica, dando nomes que carregam o “peso” do influenciador.
Se analisado mais a fundo, veremos que os tais protocolos inovadores de tratamento são essencialmente cópias dos tratamentos conhecidos, como o infame “Botox em X”, ou o “F invertido Tech Lift”, ou Patycoll, Pugacode, o CD Codes, Unique Codes, Blend Lift e outros nomes estranhos…
E é um negócio tão ridículo que a inovação destes “mestres” essencialmente é o nome novo, ou a ordem sugerida de tratamentos. Ah, o protocolo de tratamento original é fazer A, depois B e depois C. Daí o hofluencer passa a falar: Não gente, meu protocolo inovador começa com C depois A e termina com B, muito melhor!
Exemplo recente foi a programação do congresso Full Face 2024. Cheios de inovadores “criadores de conteúdos” mostrando as técnicas mais “relevantes” da Harmonização Facial. Tão relevantes que na próxima edição do congresso a técnica muda de nome e o professor continua o mesmo.
É meio a obsolescência programada do nome da técnica. Tem 1 ano pra vender o máximo de curso que dá antes de “inovar” e lançar uma ainda melhor, mais elaborada, com melhores resultados mas que consiste no mesmo tratamento de antes, com roupa nova, maquiagem exagerada e muitos, muitos reels de divulgação.
Veja, importante dizer, me neguei a ir a este congresso depois da péssima experiência no congresso anterior, então falo isso em segunda mão mas com grande convicção, porque, convenhamos, eram OS MESMOS PROFESSORES da penúltima edição. E da antepenúltima…
Mas você está muito ranheta, diria você, leitor do nosso blog.
Concordo, e por isso é importante ir pra próxima parte deste artigo:
Tempo de criação de “conteúdo”
Uma receita básica para que é um influenciador de Instagram que quer aumentar sua base de seguidores, recomendada por um destes coaches quânticos do marketing digital:
- 1 feed por dia
- 3 a 8 stories de 15 segundos
- 1 reel de manhã, um de tarde e um de noite.
- Se der, uma ou duas lives por semana.
Agora, me explique: como fazer isso sendo um humano normal?
E mais, para fazer tudo isso, ainda que tenha uma equipe, quantas horas por dia você tem que se dedicar às suas mídias sociais? Lembro que assisti uma aula do Rafael Puglisi, hoje falecido, mas que foi dos primeiros da área da saúde a chegar nos milhões de seguidores e ele foi bem didático nisso: ele dedicava cerca de 2 horas por dia nesta gestão.
2 horas por dia. E na época da aula ele estava nos 500 mil seguidores, ainda bem longe dos mais de 4 milhões que tinha quando foi de base…
Vale lembrar: a pessoa Rafael Puglisi era diametralmente oposta ao personagem Rafael Puglisi que conhecia na rede. Envergonhado, parecia ter medo de falar em público, bem na dele. Oposto do personagem do Instagram.
Agora me explique você: Você consegue atender seus pacientes, levar filho na escola, aproveitar um tempo com sua esposa/marido, gerenciar sua agenda, secretária, gestão de consultório e também fazer o mínimo para se manter vivo (tipo ir ao banheiro, almoçar, jantar, eventualmente dar um rolê com o cachorro…) e ainda dedicar 2 horas por dia de instagram? Mas não é “ficar no instagram” zapeando, é produzir o tal “conteúdo” para o instagram e dar a atenção que precisa para que sua influência continue a ser exercida.
Quem dirá então conseguir, nesta rotina, encaixar 1 hora por dia que seja para ler um artigo, um trabalho, algo que possa acrescentar na sua prática clínica de forma positiva.
Percebe onde quero chegar?
Um Influencer HOF não consegue estudar. Passa mais tempo vendendo e “ensinando” pelas redes do que lendo um artigo.
E sem estudar, tira a informação de onde para fazer seus “conteúdos de professor”? Não é estranho, portanto, ouvir abobrinhas sendo afirmadas por muitos professores. Tipo que beber atrapalha a toxina botulínica, ou que hialuronidase espalha melhor hidroxiapatita de cálcio, e outras baboseiras.
E se por acaso o cidadão conseguisse esta 1 hora para estudar, como alavancar sua influência na área? As midias sociais começam a perder engajamento. É meio como o paradoxo Tostines. Ou uma coisa, ou outra. As duas não dá.
E entramos em um outro caminho:
Efeito Dunning–Kruger
Baseado em um artigo publicado em 1999 pelos pesquisadores David Dunning e Justin Kruger em que os pesquisadores descrevem um fenômeno psicológico que descreve como pessoas com pouca experiência ou conhecimento em uma área específica tendem a superestimar suas próprias habilidades.
Em resumo: quanto menos alguém sabe sobre um assunto, mais propenso está a acreditar que é especialista nele.
E a explicação é muito simples: isso ocorre porque indivíduos com conhecimento limitado geralmente não possuem as ferramentas mentais necessárias para avaliar adequadamente sua própria competência ou a dos outros.
E o mais irônico, e interessante, é que, à medida que as pessoas adquirem mais conhecimentos e experiências em um campo, estas passam a avaliar suas habilidades de forma mais realista e, muitas vezes, com mais humildade. Elas começam a entender a complexidade do assunto e percebem o quanto ainda têm a aprender.
É mais ou menos assim: você leu dois livros e meia dúzia de artigos em Harmonização Facial, você passa a ter certeza de ser um expert na área. Mas caso tenha lido dezenas de livros e milhares de artigos, você terá dúvida se seus conhecimentos neste campo é o suficiente.
O que vejo na vasta maioria dos tais Hofluencers é que eles tem um conhecimento parco e limitado do que falam em redes sociais. Mas falam, explicam, “ensinam” o tempo todo achando que é o suficiente saber o que já sabem, que são experts o suficiente no campo e podem perdigotar seus conhecimentos na forma de reels, stories e etc.
Vou usar um exemplo desta semana. Uma Hofluencer, também “speaker” de uma marca, num formato mais moderno (ela sentada de um jeito meio largado, segurando o microfone de lapela perto da boca, bem íntima do público) foi falar sobre preenchimento em têmpora. Daí ela fala das 2 técnicas que gosta, e afirma que a anatomia do local é um pouco crítica, que tem riscos. Que existem “ramificações da artéria oftálmica que passam ali na têmpora”.
Volto o vídeo e assisto mais duas vezes, pra ter certeza. Sim, foi isso que ela afirmou.
Daí pensei: só se a clientela dela é de outro mundo, porque em humanos é virtualmente impossível esta artéria passar mesmo perto da fossa temporal. Não tem possibilidade de uma alteração anatômica deste porte a não ter em um caso gravíssimo de má-formação fetal…
Depois pensei sobre isso: a figura Hofluencer deve ter pensado nisso porque há, na literatura, muitos e muitos relatos em que preenchimento em têmpora pode levar a amaurose (cegueira, de modo mais fácil de entender). Mas ela não entendeu o mecanismo em que isso pode acontecer. DEFINITIVAMENTE não é porque tem “ramificações da artéria oftálmica” que passam na têmpora e que podem ser embolizadas.
Falou merda (estou usando o termo mais correto pra isso) com uma pompa, com uma segurança, com um poder de convencimento que não vou estranhar se ouvir isso por outra boca em breve.
Tenho outro exemplo importante. Este, já tem muitos meses:
Tem uma outra Hofluencer desinformada (esta cabe na definição estrita do termo, ela não desgruda do instagram…) que faz lives semanais e que tem uma técnica de toxina botulínica para “remodelar” o nariz. Ela consegue usar uma toxina tão eficiente que consegue, por massagem, “soltar” a cartilagem do nariz da vítima para “reposicionar o nariz”. E usa quantidades homéricas de toxina para isso.
É uma atrocidade, uma ofensa afirmar isso. Nesse caso, nem digo que é burrice: é enganação. É aproveitar da ignorância dos profissionais da área acerca da anatomia e do mecanismo de ação do medicamento para vender uma técnica que é virtualmente impossível de ser realizada. Toxina botulínica não tem esta ação, não faz o que é afirmado pela tal “doutora”.
Isso sem contar a ma-fé de vender este tratamento para pacientes. E mais: ensinar os profissionais que a acompanham a replicar com seus próprios pacientes. Quantos pacientes foram lesados ou enganados? Centenas? Talvez milhares?
Na verdade poderia ficar aqui dando vários exemplos, mas vou parar nestes. E agora sim entrar no assunto principal que gostaria de abordar neste artigo, que é a…
A Lei de Brandolini
Alberto Brandolini, um desenvolvedor de software italiano, fez um tuíte que deixou seu nome pra história: “a quantidade de energia necessária para refutar a idiotice é uma ordem de grandeza maior do que a necessária para produzi-la”
Podemos falar que é o conceito perfeito, que ficou conhecido como “Lei de Brandolini“ ou O Princípio de assimetria da estupidez.
Vou me ater aos dois exemplos acima para explicar como esta lei se aplica às nossas Hoflulencers:
No primeiro caso, mais simples de refutar, caberia fazer uma pequena aula explicativa sobre a vascularização da região de têmpora e explicar o mecanismo pelo qual um preenchedor nesta região pode levar à cegueira mesmo não tendo nenhuma “ramificação da artéria oftálmica” na região.
Mas veja, precisaria de uns 20 a 30 minutos para isso, para “desfazer” o que a Hofluencer falou em 3 segundos.
E mais, para preparar este conteúdo a ser apresentado de forma digna, precisaria talvez de 2 ou 3 horas de leituras, artigos, montagem de slides. Ou seja, é contraprodutivo.
No segundo caso, para refutar tamanha asneira, teria de rever anatomia nasal, explicar a forma com que a cartilagem nasal se adere ao osso, mostrar a impossibilidade de se “soltar” manualmente esta estrutura, e ainda complementar explicando todo o mecanismo da toxina botulínica, a ausência de músculos onde a tal expert fala que existem e que a toxina atua, enfim, seriam umas 2h de aulas para refutar com base em artigos e em ciência de verdade tudo que ela afirma com informações retiradas do ósculo retal. E mais uns 2 dias inteiros de pesquisa e preparo do conteúdo para ministrar em 2 horas.
O ponto principal é: vale a pena?
Será que a mesma pessoa que recebeu a informação inicial vai assistir a este conteúdo? Ela está DISPOSTA a assistir para entender porque aquilo não é verdade?
Isso sem considerar o alcance. Estes Hofluencers tem milhares, alguns chegam aos milhões de seguidores, qual vai ser o alcance que terei com estas video-aulas? Com muita sorte, algumas centenas, porque simplesmente não dá pra competir com o volume de informações tortas que são passadas como “conteúdo”e a velocidade com que surgem.
A cada 1h que fazemos uma live para rebater 3 segundos de informação errada, a pessoa tem possibilidade de arremessar mais 30, 40 informações erradas que precisam, ou precisariam, ser rebatidas.
Como Umberto Eco afirmou em 2015:
As redes sociais dão o direito de fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Eles eram imediatamente calados, mas agora têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel.
É a invasão dos imbecis.
E por falar em imbecilidades…
Há uma proporção direta entre a quantidade de seguidores e na (suposta) liberdade de um HOFluencer para falar merda e ser idiota.
Temos nossa cota de processos por hofluencers imbecis em andamento então não vou dar nomes (mas gostaria MUITO pra mostrar a hipocrisia e covardia de muitos destes “professores”. Nos processam em segredo de justiça, ou seja, ninguém mais fica sabendo), mas é incrível como quanto mais seguidores a pessoa tem, mas se sente na liberdade para falar o que der na telha, de ser idiota intencional com as dancinhas cretinas e as trends de adolescentes.
Acham que podem até virar coaches, exemplos de superação, que falam incansavelmente da própria jornada do heroi, que passam a pregar uma nova religião porque praticamente é isso, né? Jesus tinha 12 seguidores e olha no que deu…
E o discurso coach é igual, independente do idiota da vez:
Creia em mim que vai dar tudo certo na sua vida. Veja como tenho dinheiro, tenho um conhecimento muito grande, muita experiência de vida que compartilho com você diariamente através do seu telefone, mas o conhecimento maior, premium, este você tem que pagar.
Mas não se preocupe. Você tem 7 dias para ter todo seu dinheiro de volta, e pode pagar em até 12 parcelas sem juros.
E sem esse conhecimento que estou te oferecendo com 50% de desconto, você vai ser nada, você não vai conseguir superar nada, não vai crescer e ser como eu.
Mas as vagas estão acabando rápido, vá logo e aprenda todos os meus segredos!
É complicado tentar levar as coisas a sério, oferecer informações que são verificáveis e embasadas. Dá trabalho “competir” com Hofluencers. Além de ser uma luta inglória, injusta e assimétrica.
Mas uma coisa é certa: não tem solução a curto prazo. Nem a médio, e, hoje, não vejo nem a longuíssimo prazo. Seria fácil só passar o trator, terraplanar tudo e começar de novo a construção, mas veja você: se assim fosse possível, os mesmos idiotas iriam colonizar as novas redes que surgirem.
Acho que o que nos resta é aprender a conviver com os imbecis e ter a sabedoria de silenciá-los quando possível.
Om Gam Ganapataye Namaha.