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O “Perigo” do PRP segundo o Domingo Espetacular…

Pra variar, houve mais desinformação e polêmica na reportagem do Domingo Espetacular dando nome de Plasma rico em Plaquetas de forma errônea, além de ter falado bem mal de cirurgiões-dentistas….

O que nós vimos de errado? Muitas coisas, mas aqui tem os pontos principais:

Foi utilizado Plasma Rico em Plaquetas?

Não. Foi utilizado um agregado plaquetário, sim, mas que leva o nome de Plasmagel ou Alb-PRF. E que tem a função simplesmente aumentar o volume, ou preencher partes do corpo tal qual um material preenchedor como o ácido hialurônico. A única parte que se mostrou PRP foi em um exemplo com o uso para região de couro cabeludo (ou tricologia, no termo mais próximo do ideal), que não tinha nada a ver com as complicações apresentadas com as meninas.

O Plasma Rico em Plaquetas causa rejeição?

Não, NENHUM agregado plaquetário causa rejeição. A rejeição ocorre a partir de um ataque do sistema imunológico do receptor a um órgão transplantado, por exemplo, JUSTAMENTE porque este órgão pertencia a outro organismo. O PRP, Plasmagel ou qualquer outro derivado plaquetário utilizado na área da saúde hoje é AUTÓLOGO, ou seja, é da própria pessoa . Não existe rejeição e este material.

O que claramente aconteceu foi uma INFECÇÃO de causa IATROGÊNICA, ou seja, causada pelo profissional em questão. Tanto que se relata que uma das pacientes “pegou duas bactérias”…

O Plasma Rico em Plaquetas tem ANVISA?

NÃO, e nunca vai ter. Não é um medicamento produzido pro uma indústria farmacêutica, é parte do próprio paciente, é uma forma da chamada auto-hemoterapia (quando é retirada de uma determinada alíquota sanguínea do paciente, com idéia de injetar a totalidade ou parte da amostra no organismo do mesmo paciente o qual foi coletado).

Sendo assim, a ANVISA não tem como registrar, aprovar, liberar o uso. Cabe somente aos conselhos profissionais regulamentar seu uso.

Médico pode fazer uso do Plasma Rico em Plaquetas ou qualquer outro agregado plaquetário?

Não, não pode.

Nunca? Mais ou menos, olha o que o CFM informa:

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.128, DE 17 DE JULHO DE 2015
Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 29 out. 2015. Seção 1, p. 236

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas pela Lei Nº  3.268, de 30 de setembro de 1957, alterada pela Lei Nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004, regulamentada pelo Decreto Nº 44.045, de 19 de julho de 1958, alterado pelo Decreto Nº 6.821, de 15 de abril de 2009 e pela Lei Nº 12.842, de 10 de julho de 2013; resolve:

Considerar o Plasma Rico em Plaquetas (PRP) como procedimento experimental, só podendo ser utilizado em experimentação clínica dentro dos protocolos do sistema CEP/CONEP.

Nossa! Mas já vi médicos usando e cobrando muito caro por isso! Pois é.

Em linhas gerais, eles podem usar em um âmbito bem especifico: Só pode ser realizado como pesquisa clínica, respeitando as normas da CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e da Anvisa, quando couber ao trabalho.

E o mais importante: Não pode ser cobrado do participante ou de plano de saúde a que ele esteja vinculado o tratamento realizado com esta terapêutica! 

E o MAIS IMPORTANTE. Nenhum médico poderia dizer quem pode ou quem não pode, somente os conselhos profissionais das outras áreas da saúde!

Quem pode fazer o uso de PRP?

Em linhas gerais, a Odontologia regulamentou o uso para área odontológica e para Harmonização Orofacial em 2015. Ou seja, enquanto o CFO regulamenta o uso depois de 15 anos de uso regular pela odontologia, o CFM falava que é experimental. Não é, tem muita pesquisa validando essa terapêutica.

Biomédicos, biólogos, enfermeiros tem também habilitação para o uso, desde a coleta, processamento e aplicação, que são regulamentados pelos respectivos conselhos profissionais.

Se dentista pode usar, ele pode aplicar em corpo?

Obviamente que não. a área da atuação de um cirurgião dentista é acima do hioide. E ponto. E para as demais observações, acompanhe um react sobre a matéria, colocando todos os pingos nos is:

 

Ah, e se quiser realmente aprender sobre agregados plaquetários, REALMENTE APRENDER, conheça nossa habilitação. 

Até a próxima polêmica.



Publicado por:
Mestre em Medicina/Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Prótese Dentária, Prótese Bucomaxilofacial e em Harmonização Orofacial. Coordenador de cursos em Implantodontia e Harmonização Orofacial do Instituto Velasco, Diretor do Hospital da Face. Trabalha desde 2011 em harmonização facial.