USO DO PLASMA RICO EM PLAQUETAS (PRP) NO TRATAMENTO DO MELASMA

Tratar Melasma com PRP Funciona?

O melasma, mais do que uma condição cutânea, pode ter um efeito significativo na autoestima de quem tem.
Ainda mais se considerarmos que esta hiperpigmentação frequentemente se manifesta nas áreas mais visíveis do nosso rosto, como a testa, bochechas e lábio superior, tornando-se difícil de ignorar. As manchas podem parecer um lembrete constante de sua presença, levando a uma sensação de desconforto ao se socializar, tirar fotos ou mesmo ao olhar no espelho.

A busca por soluções e tratamentos para o melasma também é emocionalmente desgastante. Ainda que não tenha “cura” podendo estar mais ou menos ativo conforme situações desencadeantes como calor, luz, cuidados pessoais, não podemos deixar de entender que embora tratamentos possam oferecer melhorias, as manchas são persistentes e demandam cuidados constantes.

E neste aspecto é que a nossa aluna, hoje Especialista em Harmonização Orofacial Dra. Viviane Assis Palhano Mora fez um artigo sobre o uso dos agregados plaquetários, em especial o Plasma rico em Plaquetas, no controle do melasma! Boa leitura! Lembrando que o artigo original com as referências e a video-aula sobre o tema você encontra no PLAY, nossa plataforma gratuita de ensino em Harmonização Facial.

De onde surge o Melasma?

O melasma é uma condição dermatológica caracterizada por hiperpigmentação cutânea, manifestando-se como manchas de diferentes tonalidades ou pontos escurecidos de várias formas e dimensões. Essas manchas podem ocorrer em ambos os sexos, porém são mais prevalentes em mulheres em idade fértil. Embora seja mais comum na face, o melasma também pode surgir em outras áreas do corpo, incluindo braços, tórax e pernas, sendo influenciado pela exposição à luz solar e calor.

A pele é reconhecida como o maior órgão do corpo humano, desempenhando uma função crucial na interação entre o ambiente interno e externo, garantindo proteção e funcionalidade adequada ao organismo. Estruturalmente, é composta por três camadas: epiderme, derme e hipoderme. Os melanócitos, localizados na camada basal da epiderme em sua junção com a derme, são responsáveis pela síntese da melanina. O aumento excessivo da produção de melanina por essas células resulta na formação do melasma.

Apesar de ainda haver lacunas no entendimento do mecanismo e patogênese exatos do melasma, sabe-se que a exposição crônica aos raios ultravioleta (UV), estímulos hormonais e predisposição genética estão entre os fatores associados ao seu desenvolvimento. Devido à natureza imprevisível de alguns desses fatores, a prevenção da condição é desafiadora, embora a proteção solar e a minimização da exposição à luz e calor sejam recomendadas.

O tratamento do melasma é diversificado, abrangendo abordagens medicamentosas e procedimentos estéticos mais invasivos. Entre esses, o Plasma Rico em Plaquetas (PRP) se destaca. O PRP é uma técnica antiga na medicina regenerativa, composta por glicoproteínas e fatores de crescimento que estimulam a proliferação celular. Sua utilização, que teve origem na hematologia nos anos 70 para aumentar a contagem plaquetária, evoluiu para promover a regeneração de órgãos e tecidos, modulando a resposta inflamatória, revascularização e regeneração celular.

No contexto dermatológico, o PRP demonstra propriedades anti-inflamatórias e estimulantes da proliferação celular. Seu uso na melhoria da regeneração tecidual, cicatrização de feridas, redução de cicatrizes, rejuvenescimento dérmico e tratamento de alopecia é documentado.

Conhecendo o Melasma

O melasma pode ser conceituado como uma hipermelanose adquirida caracterizada pela presença de máculas assimétricas, de coloração marrom, irregulares e reticuladas normalmente em áreas da pele que são expostas de maneira contínua à radiação solar, principalmente a face. Algumas mulheres possuem uma maior predisposição ao desenvolvimento do melasma, como as asiáticas com idades entre os trinta e quarenta anos (SARKAR et al., 2009). É caracterizado também como uma hiperpigmentação localizada, sem que necessariamente ocorra o aumento de melanócitos, apesar da hipertrofia, aumento de dentritos e organelas citoplasmáticas dos mesmos (LEE et al., 2017).

O melasma pode surgir como máculas de coloração acastanhada, de contornos irregulares e limites bem estabelecidos nas áreas que possuem uma maior exposição à radiação solar como a face, pescoço, braços e região do esterno, onde sua distribuição clínica, quando na região da face, pode ser classificada como centro-facial e periférica. A área centro-facial compreende a glabela, testa, nariz, região zigomática, mento e lábio superior, já a periférica engloba a área temporal, pré-auriculares e ramos mandibulares (LEE et al., 2017).

Esta condição dérmica pode ser acarretada por diversas causas, dentre as principais, pode ser citado o aumento da produção de melanina ocasionado pela resposta da pele à exposição solar que promove uma cascata de reações químicas que culminam numa maior produção de hormônios que acarretam o estímulo dos melanócitos, que por consequência, produzem uma maior quantidade de melanina, alterando a pigmentação da pele em determinados locais (PASSERON;PICARDO, 2018).

A fisiopatologia associada ao melasma se apresenta bastante complexa e não envolve apenas a elevação da produção de melanina pelos melanócitos. Alguns novos estudos afirmam que há uma interação entre os queratinócitos, mastócitos, anormalidades na regulação gênica, assim como uma elevação na vascularização e ruptura da membrana basal que podem vir a ocasionar o surgimento do melasma. É de fundamental importância que os profissionais envolvidos no tratamento desta condição detenham o conhecimento necessário para poder escolher a melhor abordagem clínica, proporcionando melhores resultados ao paciente (KWON et al., 2016).

Há diversos mecanismos que podem vir a explicar o aumento da deposição de melanina, um dos mais aceitos é que a radiação UV acarreta uma regulação positiva da estimulação dos melanócitos receptores hormonais (MSH), também denominados como receptores de melanocortina-1 (MC1-R), nos melanócitos, ocasionado uma maior ligação hormonal e consequentemente, uma maior produção de melanina (BOLOGNIA et al., 1989).

O melasma é uma anormalidade dérmica relativamente comum que atinge, em sua grande maioria, mulheres, sendo de maior prevalência em pessoas com idade média de 30 anos, de raça latina ou asiática, que normalmente são expostas de maneira mais efetiva à luz solar. A prevalência dessa anormalidade em gestantes gira em torno de 19,2% impactando de maneira significativa a qualidade de vida e autoestima das mesmas (HANDEL et al., 2014).

A produção de estrogênio de ma neira irregular ou exacerbada, também demonstrou um importante papel no desenvolvimento do melasma, explicando a alta incidência do mesmo, em mulheres após a menopausa, usuárias de anticoncepcionais e gestantes. A união do estrogênio e receptores presentes nos melanócitos e queratinócitos podem ativar vias tirosinase e MITF induzindo a produção de melanina. A descoberta da participação do estrogênio nesta patologia representa um avanço no que diz respeito a abordagem terapêutica que pode vir a ser utilizada no combate ao melasma (KWON et al., 2014).

A complexa patologia e os diversos fatores que podem acarretar o melasma podem vir a dificultar a escolha da melhor abordagem terapêutica de combate ao mesmo. Diversas alternativas apresentam viabilidade a depender dos fatores que ocasionam o melasma, que podem vir a ser investigados através de uma avaliação clínica minuciosa do paciente. A utilização de PRP pode ser apresentada como uma alternativa viável de tratamento, à medida que pode vir a estimular a renovação dérmica, além de restaurar a funcionalidade normal dos melanócitos (SARKAR et al., 2009).

PRP ou PRF funciona no tratamento do melasma?

A dermatologia e a cirurgia plástica passaram a utilizar os agregados plaquetários por seu potencial efeito coadjuvante nas cirurgias plásticas realizadas na face e seus efeitos estéticos benéficos e rejuvenescedores à pele. A terapia periodontal, assim como a cirurgia maxilo facial, além do tratamento de cicatrizes da acne, enxerto de gordura, cicatrização de lesões e crescimento capilar são apenas alguns dos procedimentos que passaram a ser realizados com o auxílio do PRP (SCHIAVONE et al., 2012).

Um estudo realizado por Lingyun Zhao e colaboradores (2021), avaliou a eficácia e segurança da aplicação do PRP no tratamento de pacientes portadores de melasma, com ou sem terapia coadjuvante, onde 395 pacientes foram divididos em três grupos divididos de acordo com a quantidade de melasma, área e gravidade, sendo tratados entre 4 e 12 semanas. Foi utilizado o PRP aplicado de três maneiras distintas: através de micro-injeção, microagulhamento e injeção intradérmica, onde o microagulhamento e injeção intradérmica obtiveram melhores resultados.

Outra pesquisa realizada em 2020 por Sarkar e colaboradores, utilizou PRP associado à técnica de microagulhamento e PRP isolado durante 3 meses, onde foi possível observar uma redução de cerca de 42% do grupo que recebeu o PRP através da técnica de microagulhamento, em relação aos pacientes que receberam o PRP através de técnicas tradicionais que obtiveram uma redução de cerca de 30% do índice de melasma observado inicialmente.

O melasma por ainda não possuir uma clara patogênese acarreta diversas consequências para os pacientes acometidos pelo mesmo, pois sem causas completamente definidas pela literatura não há como escolher a melhor abordagem terapêutica. Diversas técnicas podem ser abordadas visando o clareamento das manchas já existentes e a prevenção de outras que podem vir a surgir. O PRP nesse sentido atua como uma abordagem barata que acarreta baixos riscos ao paciente, além de bons resultados se utilizado de maneira concomitante à outras técnicas de aplicação, não só com injeções intradérmicas.



Publicado por:
Mestre em Medicina/Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Prótese Dentária, Prótese Bucomaxilofacial e em Harmonização Orofacial. Coordenador de cursos em Implantodontia e Harmonização Orofacial do Instituto Velasco, Diretor do Hospital da Face. Trabalha desde 2011 em harmonização facial.