Benefícios do uso da fibrina injetável rica em plaquetas (iPRF), como um bioestimulador no rejuvenescimento facial

Benefícios do uso da fibrina injetável rica em plaquetas (iPRF), como um bioestimulador no rejuvenescimento facial

Os agregados plaquetáriosdesempenham um papel crucial na medicina regenerativa, oferecendo diversos benefícios que impulsionam o processo de cicatrização e regeneração de tecidos. É difícil listar todos os beneficios que o uso desta terapeutica trazem, mas vou tentar:

  1. Estimulação do processo de cicatrização: Os concentrados de plaquetas contêm fatores de crescimento que promovem a proliferação e migração de células responsáveis pela regeneração de tecidos, acelerando a cicatrização de feridas.
  2. Melhoria da formação óssea: Nas áreas de reparo ósseo, os fatores de crescimento presentes nos agregados plaquetários estimulam a diferenciação de células osteogênicas e a formação de osso novo.
  3. Ação anti-inflamatória: Os concentrados de plaquetas podem reduzir a inflamação nos tecidos lesionados, ajudando a controlar a resposta imunológica.
  4. Redução de complicações e infecções: Ao acelerar a cicatrização, os agregados plaquetários podem reduzir o risco de infecções e complicações relacionadas a procedimentos cirúrgicos.
  5. Estímulo à regeneração de tecidos moles: Esses concentrados são amplamente utilizados na medicina estética para estimular a regeneração de tecidos moles, como a pele, auxiliando no rejuvenescimento facial e na melhora da aparência geral.
  6. Baixo risco de efeitos adversos: Por serem derivados do próprio sangue do paciente, os agregados plaquetários apresentam baixo risco de reações alérgicas ou incompatibilidades.

Em suma, os agregados plaquetários são uma ferramenta versátil e eficaz na medicina regenerativa, proporcionando uma abordagem terapêutica promissora em diversas áreas, incluindo cirurgia, odontologia, ortopedia, dermatologia e medicina estética. E é isso que o trabalho da hoje especialista em Harmonização Facial Dra. TARCIA KAMBILIS GARBINI trouxe para leitura.

Lembro que este artigo é uma adaptação que realizei do trabalho dela, portanto recomendo que acessem o Instituto Velasco PLAY e baixem o artigo em PDF com todas as imagens e referências. Veja no final desta página como se inscrever!

A Era do Envelhecimento e o Papel da Estética Facial

O panorama demográfico mundial tem apresentado mudanças significativas nos últimos tempos. Temos assistido a uma diminuição da taxa de natalidade ao lado de um aumento na expectativa de vida, dois fatores que juntos nos direcionam para o que se convencionou chamar de “era do envelhecimento”.

Os progressos na área de tecnologia da saúde na última década têm impulsionado a evolução dos tratamentos estéticos na odontologia. A compreensão de que há uma conexão íntima entre os tecidos faciais e todas as estruturas bucais cresceu entre os indivíduos. Como resultado, tem-se que um tratamento estético facial bem-sucedido pode complementar a reabilitação estética funcional realizada pelo dentista.

O envelhecimento é um processo fisiológico, dinâmico, progressivo e irreversível, caracterizado pelo declínio funcional e estrutural de todas as camadas da pele. Com o passar do tempo, o ressecamento da pele, o surgimento de rugas, a perda de elasticidade (flacidez) e alterações na pigmentação (manchas) tornam-se evidentes.

Este processo pode ser influenciado por fatores intrínsecos, como a genética individual, e por fatores extrínsecos, como o tabagismo, a poluição, a exposição solar e uma dieta inadequada. Enquanto o envelhecimento intrínseco é inevitável e fora de nosso controle, os fatores extrínsecos podem ser gerenciados.

No processo de envelhecimento, há uma perda e degradação de colágeno causada tanto pelo fotoenvelhecimento quanto pelo envelhecimento intrínseco. Consequentemente, os ossos sofrem reabsorção, os ligamentos ficam flácidos e a gordura se desloca. Há também uma diminuição significativa na síntese de ácido hialurônico (HA) cutâneo, colágeno e elastina, levando ao aparecimento de rugas e perda do volume facial.

Avanços na Odontologia Estética

O aumento da diversidade de produtos estéticos e o surgimento dos bioestimuladores injetáveis, como a fibrina rica em plaquetas injetável (IPRF), proporcionam um método menos invasivo de tratamento. Esses produtos são autólogos, ou seja, são derivados do próprio paciente, e têm uma eficácia notável na promoção do rejuvenescimento facial.

Os últimos anos viram avanços significativos na busca por aprimorar as técnicas de tratamento estético. Há evidências que apoiam a associação do IPRF ao tratamento com HA, criando uma combinação extremamente vantajosa sem alterar as características fundamentais de ambos os produtos.

Quando combinados e injetados, esses produtos podem aumentar a função anabólica dos fibroblastos dérmicos. Com essas técnicas menos invasivas, temos a possibilidade de prevenir ou amenizar o envelhecimento, tornando-o mais sutil, lento e uniforme.

Este artigo tem como objetivo explorar os benefícios potenciais do uso de fibrina injetável rica em plaquetas (IPRF) como um bioestimulador de colágeno no rejuvenescimento facial. Para essa finalidade, realizamos uma revisão de literatura, consultando os principais bancos de dados online e abordando pesquisas realizadas entre 2006 e 2020.

Introdução e Definição da Fibrina Rica em Plaquetas (PRF)

Segundo Choukroun et al. (2006), a fibrina rica em plaquetas (PRF) pertence a uma nova geração de concentrados de plaquetas, cujo processamento simplificado e a ausência de manipulação bioquímica do sangue representam seus pontos fortes. Em seu trabalho, esses autores pesquisaram a biologia da PRF em combinação com os primeiros resultados clínicos estabelecidos, com o intuito de definir as possíveis aplicações deste biomaterial. Eles basearam sua análise em quatro eventos cruciais de cura: angiogênese, controle imunológico, captação de células-tronco circulantes e epitelização de cobertura de feridas. A partir desses parâmetros, eles observaram que as aplicações clínicas da PRF favorecem uma cicatrização tecidual acelerada, notavelmente por meio do desenvolvimento eficiente de neovascularização, fechamento rápido de feridas e remodelação acelerada do tecido cicatricial, além de uma quase ausência de eventos infecciosos.

Conforme relatado por Borie et al. (2015), um dos principais desafios na pesquisa clínica contemporânea é a inovação de aditivos cirúrgicos bioativos que possam modular a inflamação e acelerar o processo de cura. Nessa conjuntura, a Fibrina Rica em Plaquetas (PRF) se destaca como uma alternativa natural promissora, com resultados promissores e riscos mínimos. Os autores empreenderam uma revisão compreensiva para sintetizar a literatura relevante a respeito do uso da PRF, destacando sua preparação, méritos e possíveis contrapartidas em aplicações clínicas. Concluíram que a PRF, seja utilizada de forma independente ou em conjunto com outros biomateriais, possui múltiplas vantagens e indicações, seja na medicina ou na odontologia, graças ao seu caráter minimamente invasivo, baixo risco e resultados clínicos favoráveis.

Segundo Shah et al. (2017), a PRF é um aditivo cirúrgico biológico que é preparado pela manipulação do sangue autólogo, tornando-se um dos concentrados de plaquetas mais utilizados na odontologia. Os autores revisaram as propriedades biológicas da PRF e os avanços na tecnologia da PRF desde o seu início.

Além disso, a A-PRF apresenta a capacidade de imitar a fisiologia e a imunologia da cicatrização de feridas, principalmente devido à alta concentração de fatores de crescimento liberados, tais como: fator de crescimento endotelial vascular, fator de crescimento derivado de plaqueta, fator de crescimento transformador β e citocinas anti-inflamatórias, que estimulam a cicatrização de tecidos, formação de vasos, e a proliferação e diferenciação de células ósseas. Com uma maior quantidade de neutrófilos e monócitos/macrófagos, esses concentrados também liberam moléculas quimiotáticas significativas, como o receptor de quimiocina 5 e a eotaxina. Desse modo, a L-PRF e a A-PRF têm sido amplamente utilizadas, sobretudo em implantologia, periodontologia e cirurgia maxilofacial. As futuras aplicações clínicas incluem a regeneração/enxertos de tecido, necrose de úlceras/pele em pacientes diabéticos, cirurgia plástica e mesmo lesões musculoesqueléticas.

Mohan et al. (2019) descrevem os concentrados de plaqueta como substâncias bioativas autólogas, que são utilizadas amplamente na medicina e odontologia. No entanto, eles destacam que a falta de padronização em seu protocolo de preparação tem contribuído para resultados mistos relatados na literatura. Em sua revisão, os autores discutem a evolução dos concentrados de plaquetas, suas técnicas de preparação e suas aplicações clínicas e técnicas.

Benefícios do uso da fibrina injetável rica em plaquetas (iPRF), como um bioestimulador no rejuvenescimento facial
Componentes do sangue.

Segundo Fujioka-Kobayashi et al. (2020), a PRF tem sido sugerida como uma membrana autóloga que possui as vantagens do acúmulo de plaquetas e leucócitos do hospedeiro. Porém, suas propriedades de reabsorção rápida (aproximadamente 2 semanas) são consideradas limitações. Entretanto, pesquisas recentes têm indicado que ao aquecer uma camada de Plasma Pobre em Plaquetas (PPP), as propriedades de reabsorção do Gel de Albumina podem ser prolongadas de 2 semanas para mais de 4 meses (e-PRF). Os resultados apresentados por Fujioka-Kobayashi et al. (2020) sugerem que Alb-PRF possui propriedades regenerativas induzidas pela liberação lenta e gradual de fatores de crescimento encontrados em PRF líquido via degradação de gel de albumina.

Uso da PRF em Cirurgia Plástica Facial

No trabalho de Sclafani (2011), o autor procurou avaliar a segurança e a eficácia do uso da matriz autóloga de fibrina rica em plaquetas (PRFM) em cirurgia plástica facial. Para tal, ele revisou os registros dos últimos 50 pacientes que haviam sido tratados com PRFM para fins estéticos. Dentre os resultados, foi observado que a maioria dos pacientes ficou satisfeita com os resultados de seus tratamentos, indicando que a PRFM é uma excelente opção para uso facial.

No trabalho de Sclafani e McCormick (2012), os pesquisadores avaliaram as mudanças histológicas na pele humana resultantes da injeção de matriz autóloga de fibrina rica em plaquetas (PRFM). A conclusão do estudo aponta que a injeção de PRFM na pele causa uma série de alterações celulares que podem ser utilizadas para fins clínicos, revelando uma compreensão mais aprofundada dos efeitos celulares do PRFM e suas possíveis aplicações em cirurgia plástica facial.

Keyhan et al. (2013) focaram sua pesquisa na lipoenxertia, procedimento que sempre representou um desafio devido à necessidade de induzir a neoangiogênese, que costuma resultar em reabsorção significativa. Para comparar a eficácia dos plasmas ricos em plaquetas (PRPs) de primeira e segunda geração em combinação com um enxerto de gordura durante a cirurgia de lipoestrutura facial, foi implementado um ensaio clínico prospectivo duplo-cego. Os resultados mostraram que a combinação de gordura e PRF é mais eficaz do que a combinação de gordura e PRP no contexto da cirurgia de lipoestrutura facial, destacando o valor do uso de plaquetas concentradas para enxertos de adipócitos.

De acordo com um estudo de Lin e Sclafani (2018), as preparações de plaquetas, incluindo plasma rico em plaquetas (PRP) e matriz de fibrina rica em plaquetas (PRFM), possuem altas concentrações de fatores de crescimento que facilitam a cicatrização de feridas e têm sido utilizadas em vários tratamentos cosméticos. As preparações de plaquetas podem ser usadas para preenchimento de pequeno volume de tecido, tratamento de rugas faciais, auxílio na manutenção do contorno ao realizar enxertos de gordura autóloga, e para melhorar os resultados cosméticos e diminuir o tempo de recuperação após o resurfacing a laser. A PRFM pode ser uma opção preferível em relação à PRP, devido à sua liberação mais lenta de fatores de crescimento e sua maior semelhança com o processo natural de coagulação e cicatrização de feridas.

PRF na Regeneração Periodontal e Tecidos Moles

Verma et al. (2017) indicam que a regeneração do tecido periodontal é uma tarefa complexa e desafiadora para periodontistas. Embora a engenharia tecidual seja um campo multidisciplinar em expansão, a plena realização desse objetivo ainda não foi alcançada. Nos últimos anos, a PRF tem recebido atenção significativa como um material regenerativo biocompatível, utilizado não apenas na odontologia, mas também na medicina em geral. Em sua revisão sistemática, os autores compilaram estudos in vitro, em animais e clínicos disponíveis até agosto de 2016, sublinhando o papel da PRF na regeneração de tecidos moles e duros e/ou cura de feridas. Embora os resultados sejam encorajadores, são necessários mais estudos clínicos para validar o potencial papel da PRF na regeneração periodontal.

Miron et al. (2017a) destacam que a pesquisa recente em vários campos da medicina está evidenciando as vantagens clínicas de combinar procedimentos regenerativos com PRF. Nessa revisão sistemática, os autores reuniram estudos publicados sobre PRF na odontologia para melhor compreender onde a PRF pode ser usada para melhorar a formação de tecido/osso. Eles descobriram que a PRF tem sido explorada principalmente na periodontologia para o tratamento de defeitos periodontais intraósseos e recessões de gengiva, onde a maioria dos estudos mostraram resultados favoráveis.

Ghanaati et al. (2018) conduziram uma revisão que investigou o nível de evidência científica de estudos publicados relacionados ao uso de fibrina rica em plaquetas (PRF) para regeneração óssea e de tecidos moles na odontologia e cirurgia maxilofacial. O estudo concluiu que a PRF é uma ferramenta útil que melhora significativamente a regeneração óssea e de tecidos moles. Contudo, foi destacada a necessidade de padronização dos protocolos de PRF para permitir estudos reproduzíveis com um alto nível de evidência científica.

Nacopoulos e Vesala (2019) destacam que os concentrados de sangue autólogo estão sendo cada vez mais utilizados na medicina estética e odontologia devido à segurança e aos potenciais benefícios que proporcionam. Em particular, a fibrina rica em plaquetas (PRF) – obtida a partir da centrifugação de baixa velocidade – exibe propriedades adicionais, conforme evidenciado por diversos estudos in vitro e ex vivo.

No entanto, a sua relevância clínica para a regeneração facial ainda está sendo investigada. No âmbito desta pesquisa, os autores conduziram um estudo focado na avaliação de uma combinação específica de matrizes líquidas de PRF, utilizadas para a regeneração da face inferior – uma prática conhecida como técnica de Cleopatra. Aplicada em 32 pacientes, a técnica foi seguida de um estudo fotográfico para registrar eventuais queixas e eventos adversos.

Os resultados deste estudo apontaram para uma percentagem estatisticamente significativa de respostas verdadeiras pelos revisores após a conclusão do tratamento (U = 110,5, P < 0,001), sugerindo um efeito clinicamente relevante da técnica de Cleopatra. Apenas alguns pequenos eventos adversos auto-limitados foram registrados, levando os autores a concluir que a técnica de Cleopatra representa um método bem tolerado e eficaz para o rejuvenescimento da face inferior, que merece maior atenção dos dentistas e demais profissionais de saúde que empregam métodos conservadores na estética facial.

Miron et al. (2017b) ressaltam que o Plasma Rico em Plaquetas (PRP) tem sido utilizado na odontologia regenerativa como uma fonte concentrada de fatores de crescimento autólogos. No entanto, a utilização de anticoagulantes, conhecidos por inibir a cura de feridas, levantou preocupações. Em sua pesquisa, eles investigaram uma formulação líquida de PRF chamada PRF injetável (i-PRF) que não utiliza anticoagulantes. Os resultados demonstraram que a i-PRF tem a capacidade de liberar concentrações mais elevadas de vários fatores de crescimento e induzir maior migração de fibroblastos e expressão de PDGF, TGF-β e colágeno1. 10 No estudo conduzido por Albilia et al. (2020), os autores buscaram avaliar os benefícios clínicos da PRF em pacientes com dor e disfunção da Articulação Temporomandibular (ATM). Os resultados mostraram que a PRF líquida exibe efeitos analgésicos de longo prazo na maioria dos pacientes com distúrbios internos dolorosos da ATM.

PRF na Regeneração Óssea e Implantes

Um estudo de Strauss, Stähli e Gruber (2018) investigou o impacto da fibrina rica em plaquetas (PRF) no campo da implantodontia. Eles buscaram responder à seguinte pergunta: quais são os resultados clínicos, histológicos e radiográficos da aplicação de PRF para regeneração óssea e terapia de implantes? Através de uma análise sistemática da literatura, os autores incluíram 12 ensaios clínicos randomizados (RCT) em sua pesquisa. Os resultados indicaram evidências moderadas que sugerem um benefício clínico da PRF na preservação do rebordo e na fase inicial da osseointegração. No entanto, ainda não está claro se a PRF pode reduzir a dor e melhorar a cicatrização dos tecidos moles. Mais pesquisas são necessárias para avaliar o papel da PRF na melhoria de outros resultados do tratamento com implantes.

De acordo com um estudo conduzido por Liang et al. (2018), as propriedades rejuvenescedoras do enxerto de nanogorduras foram investigadas. Os autores examinaram a eficácia da injeção intradérmica precisa de nanogorduras combinadas com fibrina rica em plaquetas (PRF) em pacientes submetidos a tratamentos de rejuvenescimento facial. Os resultados indicaram que as células-tronco derivadas de nanogorduras, combinadas com PRF, podem melhorar a textura da pele facial em uma medida maior do que a injeção de controle com ácido hialurônico (AH). A combinação nanogordura-PRF resultou em uma maior taxa de satisfação entre os pacientes e não causou complicações graves, como infecção, anafilaxia ou parestesia.

Caruana et al. (2019) informam que, ao longo das últimas duas décadas, os concentrados de plaquetas evoluíram de produtos de primeira geração – plasma rico em plaquetas (PRP) e plasma rico em fatores de crescimento – para produtos de segunda geração, como a fibrina rica em plaquetas e leucócitos (L-PRF) e fibrina rica em plaquetas avançada (A-PRF).

Estes produtos autólogos de segunda geração, que incluem uma maior quantidade de leucócitos e uma malha de fibrina flexível, agem como uma armação que potencializa a migração celular, efeitos antimicrobianos, angiogênicos e osteogênicos desses biomateriais na regeneração tecidual. Os concentrados de plaquetas de segunda geração têm protocolos mais acessíveis, econômicos e rápidos, com uma matriz de fibrina fisiológica intacta que resulta em uma malha tridimensional, não tão rígida quanto a das primeiras gerações. Isso permite um tempo de liberação mais prolongado das moléculas, desencadeando o processo de cicatrização e regeneração no local da lesão.

Hofny et al. (2019) abordam o uso do PRP no tratamento de melasma, uma comum desordem cutânea hiperpigmentada. Eles hipotetizam que a injeção de PRP em pacientes com melasma poderia estar associada a mudanças na expressão da proteína TGF-β. Após o estudo com 20 pacientes, os autores concluíram que o tratamento com PRP aumentou significativamente a expressão desta proteína na pele dos pacientes.

Gheno et al. (2020) discutem a regeneração óssea guiada (GBR), processo que consiste na regeneração de defeitos ósseos por meio da aplicação de membranas oclusivas. Eles observam que a PRF já foi proposta como uma membrana autóloga para GBR, apesar de sua reabsorção em um curto prazo de 2-3 semanas. Em uma pesquisa recente, eles demonstraram que o aquecimento de uma camada de Plasma Pobre em Plaquetas (PPP) e a mistura com a zona leucoplaquetária rica em células podem melhorar significativamente as propriedades de reabsorção do Gel de Albumina Aquecido com PRF Líquida (Alb-PRF). O estudo mostra um aumento expressivo na estabilidade da membrana Alb-PRF, sinalizando seu potencial uso futuro como uma membrana de barreira biológica para procedimentos de GBR de longa duração ou como um material de preenchimento biológico em aplicações de medicina estética.

Rejuvenescimento Facial e Estética

Wang et al. (2019) comparam o uso de PRF fluida com PRP na regeneração das células da pele, com foco em seu potencial na estética facial. Os autores concluíram que a PRF fluida demonstrou um maior potencial regenerativo em fibroblastos de pele humana, sugerindo um futuro uso clínico dessa abordagem na estética facial.

Gentile (2020) ressalta que o processo de obtenção de produtos biológicos do sangue pode ser complexo e caro, além de ser influenciado por diversos fatores. Os autores apresentam um protocolo simples e barato para a produção de PRF, que poderia ajudar a padronizar os protocolos de pesquisa e permitir a comparação dos resultados dos tratamentos biológicos.

Hassan, Quinlan e Ghanem (2020) indicam que as preparações autólogas derivadas de plaquetas têm sido utilizadas em muitos campos cirúrgicos para melhorar os resultados da cicatrização, com benefícios observados em várias indicações estéticas. No estudo elaborado pelos autores, eles avaliam a eficácia da Fibrina Rica em Plaquetas Injetável (i-PRF) para o rejuvenescimento da pele facial, usando análises de pele objetivas e medidas validadas de resultados relatados pelos pacientes.

Os resultados da pesquisa apontam para uma melhoria significativa na pele da face após três meses de aplicação de i-PRF, conforme demonstrado por análises de pele aprimoradas e autoavaliações dos pacientes. Todos estes estudos juntos trazem luz ao potencial e as aplicações práticas das preparações autólogas derivadas de plaquetas na medicina regenerativa e estética, sugerindo a necessidade de mais pesquisas para explorar futuras aplicações clínicas em diversos campos da medicina.

No trabalho de Shashank e Bhushan (2020), os autores exploram a Fibrina Rica em Plaquetas Injetável (I-PRF), um biomaterial derivado do sangue totalmente autólogo de segunda geração, que mantém uma malha tridimensional de fibrina similar a um coágulo de PRF, enquanto ainda retém a fluidez do Plasma Rico em Plaquetas (PRP). Eles destacam que além das plaquetas e seus fatores de crescimento, a I-PRF é composta predominantemente por colágeno tipo 1 e linfócitos, juntamente com seus fatores de crescimento. A simplicidade na preparação de I-PRF e a necessidade mínima de equipamentos e materiais tornam-no um produto de baixo custo. Este biomaterial tem mostrado resultados promissores nas condições em que os coágulos de PRP e PRF têm sido utilizados, como no caso de alopecia androgenética, rejuvenescimento periorbital, preenchimento temporário e como agente promotor da cicatrização de feridas.

Considerações Finais

A estética orofacial tem crescido em popularidade e eficácia, graças aos avanços em procedimentos minimamente invasivos. Entre as várias técnicas e materiais de preenchimento facial disponíveis, a IPRF destaca-se como uma opção promissora. É um biomaterial totalmente autólogo, o que significa que é derivado do próprio indivíduo, minimizando o risco de rejeição ou reações adversas.

A IPRF tem demonstrado uma variedade de benefícios, incluindo uma cicatrização tecidual mais rápida e eficaz, baixos riscos associados à sua aplicação, controle e reparo de tecido mole, e até efeitos analgésicos duradouros em alguns casos. Estes benefícios são suportados por vários estudos realizados por diferentes pesquisadores, dando credibilidade à sua eficácia.

Apesar de haver algumas controvérsias sobre a capacidade da IPRF em reduzir a dor e melhorar a cicatrização dos tecidos moles, a maioria das pesquisas apontam para o seu valor terapêutico. Além disso, a IPRF tem um impacto positivo significativo no rejuvenescimento facial, possivelmente devido à sua capacidade de induzir a síntese de colágeno.

Outro ponto a favor da IPRF é seu baixo custo em comparação com outros procedimentos mais invasivos. Este aspecto torna a IPRF uma opção acessível para muitos pacientes.

No entanto, é importante notar que a IPRF tem suas limitações. Uma delas é sua curta taxa de renovação in vivo, o que limita sua capacidade de atuar como uma verdadeira “membrana de barreira”. Isso pode ser um desafio em aplicações de odontologia regenerativa.

Apesar dessas limitações, a IPRF oferece uma gama de benefícios que a tornam uma adição valiosa ao campo da estética orofacial. Com mais pesquisa e desenvolvimento, é provável que vejamos o uso da IPRF expandir-se e suas limitações serem superadas. Futuras inovações podem incluir associações com outros aditivos para melhorar ainda mais a renovação do fibroblasto, levando a um envelhecimento mais lento e a um rejuvenescimento facial mais satisfatório.


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Publicado por:
Mestre em Medicina/Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Prótese Dentária, Prótese Bucomaxilofacial e em Harmonização Orofacial. Coordenador de cursos em Implantodontia e Harmonização Orofacial do Instituto Velasco, Diretor do Hospital da Face. Trabalha desde 2011 em harmonização facial.