Agregados Plaquetários e Laser de Baixa Intensidade em pacientes com Rosácea

Agregados Plaquetários e Laser de Baixa Intensidade em pacientes com Rosácea

Hoje em dia, mais e mais pacientes buscam tratamentos de harmonização facial. No entanto, surge uma questão interessante: como proceder com a harmonização facial quando o paciente apresenta rosácea?

A rosácea é uma doença crônica e inflamatória da pele, caracterizada por disfunção e desregulação neurovascular e pilossebácea. Ela afeta principalmente a parte central da face, incluindo bochechas, nariz e queixo. Os sinais clínicos da rosácea incluem vermelhidão persistente, vasos sanguíneos dilatados, pápulas e pústulas. Além disso, ocasionalmente os olhos e as pálpebras podem ser afetados.

É compreensível que os pacientes com rosácea tenham preocupações quanto à realização da harmonização facial, temendo que isso possa agravar os sintomas da doença. Afinal, a rosácea deixa a pele mais sensível e reativa, sobretudo as de fototipo mais baixo. No entanto, existem diversas opções de tratamento disponíveis para pacientes com esta afecção, tanto tópicos como sistêmicos, tecnológicos e, em situações especificas, cirúrgicos.

Neste contexto, duas terapias têm se mostrado promissoras no tratamento da rosácea: o Plasma Rico em Plaquetas (PRP) e a Fotobiomodulação com laser de baixa intensidade (LBI). O PRP consiste em uma solução autóloga, preparada a partir do sangue do próprio paciente, altamente concentrada em plaquetas. Essas plaquetas liberam fatores de crescimento que podem desempenhar um papel valioso em inúmeras aplicações dermatológicas, incluindo a rosácea, por sua ação na modulação inflamatória e regulação celular. Do mesmo modo, as terapias de Fotobiomodulação com LBI tem se mostrado eficaz no tratamento da rosácea, sem causar efeitos adversos significativos, também graças à sua ação anti-inflamatória.

Com base nesse contexto, nossa aluna, hoje Especialista em Harmonização Orofacial Dra. Eliete Conceição Giusti desenvolveu um estudo de revisão de literatura narrativa com o objetivo de explorar a literatura existente sobre o uso de terapias com PRP e LBI em pacientes com rosácea e é este trabalho que você vai ler a seguir. Lembramos que o texto a seguir é uma adaptação do artigo original, e recomendamos sua leitura no original. Você pode encontra-lo em nossa plataforma de ensino GRATUITA para profissionais da saúde, a Instituto Velasco PLAY.

Porque entender a correlação entre Rosácea e Harmonização Facial?

Hoje em dia a harmonização facial está cada vez mais presentes nos consultórios tanto odontológicos como em médicos. A prática da Harmonização Orofacial em clínica odontológica, foi regulamentada no CFO através da resolução 198, de 29 Janeiro de 2019, reconhecendo a Harmonização Orofacial como especialidade odontológica
Diante disso quando chega um paciente no consultório com diagnóstico de rosácea, como conduzir a harmonização facial neste caso. É muito comum os pacientes com rosácea perguntarem se podem fazer a harmonização facial, com receio de exacerbar os sinais clínicos da rosácea, sabemos que a rosácea é uma alteração da pele que a deixa muito mais sensível e mais reativa.

A rosácea é uma doença crônica, persistente e inflamatória da pele causada por disfunção e desregulação neurovascular, pilossebácea que afeta predominantente, a parte central da face, inclusive o centro das bochechas, o nariz e o queixo, engloba variados sinais e sintomas que incluem eritema facial persistente, telangiectasias, pápulas e pústulas e ocasionalmente, os olhos e as pálpebras podem serem envolvidos. Ela afeta de 2% a 22% da população mundial, predominante em populações de fototipos baixos na escala de Fitzpatrick ( I e II),a maioria dos relatos são em europeus e americanos porém artigos mais recentes relatam rosácea como um problema de saúde em diferentes regiões do mundo. Com discreta predominância em mulheres, mas podendo acometer criança idosos, com uma faixa etária predominante entre 30 a 60 anos.

Existem diversos tratamentos disponíveis no mercado, tópicos, sistêmicos, tecnologia e cirúrgicos. A terapia com o uso do Plasma Rico em Plaqueta (PRP) é uma solução autóloga altamente concentrada de plasma preparada a partir do próprio sangue do paciente. O PRP contém plaquetas que liberam inúmeros fatores de crescimento que podem ser valiosos em inúmeras aplicações dermatológicas. Os hemoconcentrados constituem boa alternativa para o reparo e regeneração tecidual e com ganhos nos diferentes modos de aplicação clínica na estética facial.

A terapia de Fotobiomodulação com o uso LBI, em rosácea, revelou ser eficaz, sem efeitos adversos, segura e com bom custo-benefício, devido a sua função antiinflamatória.

O presente estudo narrativo tem o objetivo de buscar na literatura terapias com Plasma Rico em Plaquetas (PRP) bem como o laser de baixa intensidade em pacientes com rosácea, visando uma melhora dos sinais clínicos da doença como também favorecer o tratamento da harmonização facial. Para a seleção das produções literárias foi realizada pesquisa na base de dados eletrônicos: PubMed e Google Scholar, bem como teses e livros.

O que você precisa saber sobre a ROSÁCEA?

Epidemiologia e Fisiopatologia da Rosácea

A rosácea é uma doença crônica, persistente e inflamatória da pele causada por disfunção e desregulação neurovascular, que afeta predominantente, a parte central da face, inclusive o centro das bochechas, o nariz e o queixo, engloba variados sinais e sintomas que incluem eritema facial persistente, telangiectasias, pápulas e pústulas e ocasionalmente, os olhos e as pálpebras podem serem envolvidos.

É uma doença que muitas vezes promove sintomas psicossociais graves, incluindo auto- estima prejudicada, problemas de socialização e mudanças na maneira como o paciente pensa, sente ou lida com a doença, gerando impacto econômico e na qualidade de vida.

Os principais elementos envolvidos na fisisiopatologia da doença são predisposição genética, anormalidades do sistema imunológicos e desregulação vascular associadas a fatores desencadeantes como calor, frio, álcool,emocionais, condições de saúde, alimentos picantes e produtos químicos.

Os achados histopatológicos da rosácea são dilatação dos vasos sanguíneos, angiogênese e aumento das fibras nervosas, e pesquisas recentes associaram a rosácea as doenças autoimunes, gastrointestinais, neurológicas, doenças psiquiátricas. Existem alguns fatores desencadeantes também:

  • Fatores alimentares: Alimentos quentes, picantes e bebidas quentes
  • Emocionais: Estresse e ansiedade
  • Tempo: Vento forte, frio, sol e umidade
  • Temperatura: Clima muito quente e banhos quentes
  • Produtos cosméticos e medicações: Cosméticos com álcool, fragrâncias, substância hidroalcóolicas, medicamentos vasodilatadores e corticóides tópicos
  • Condições de saúde: Menopausa e tosse crônica
  •  Atividade físicas intensa
  • Irritantes químicos comuns: Propilenoglicol, laurel sulfato de sódio, álcool

A Rosácea afeta de 2% a 22% da população mundial, predominante em populações de fototipos baixos na escala de Fitzpatrick (I e II), a maioria dos relatos são em europeus e americanos, artigos mais recentes relatam rosácea como um problema de saúde em diferentes regiões do mundo. Com discreta predominância em mulheres, mas podendo acometer crianças idosos, com uma faixa etária predominante entre 30 a 60 anos.

No Brasil, não há relatos sobre a doença que apoiem nossa heterogeneidade populacional 1,4. Entretanto um estudo realizado no Sul do país onde foram alocados 62 casos e 124 controles4, confirmou o predomínio em mulheres na faixa etária que variava entre 40 e 50 anos, com forte influência étnica de imigrantes europeus, dados esses que são semelhantes com alguns artigos descritos internacionalmente.

Vale ressaltar que há inúmeros casos acompanhados nos serviços de dermatologia das diversas regiões brasileiras, com pacientes de fototipos mais elevados, que precisam ser considerados. O diagnóstico da rosácea em pacientes de pele escura é mais dificultoso, devido ao eritema e as telangiectasias não serem visíveis por muitas vezes, sendo assim para chegar à conclusão do diagnóstico é levado em conta a hiperpigmentação e os sintomas, como ardor e sensação de pinicar.

Os subtipos de Rosácea

A rosácea apresenta várias características clinicas diferentes o que dificulta seu diagnóstico, em virtude disso em 2002, o Comitê de Especialistas da American National Rosacea Society (NRS), introduziu um sistema de classificação e que foi revisada em 2004 onde divide a doença em quatro subtipos principais, sendo eritemato-telangiectasica, pápulo-pustulosa, fimatosa e ocular.

Contudo essa classificação da NRS forneceu critérios padronizados para pesquisas, análise de resultados e comparação de dados de diferentes fontes, servindo como referência diagnóstica na prática clìnica.1
Sendo assim um sistema baseado em fenótipos, características observáveis que podem resultar de influências genéticas e/ou ambientais propicia os meios necessários para avaliar e propor tratamentos de maneira individualizada, de acordo com a apresentação de cada paciente. Portanto em 2017 a NRS por meio de um painel de especialistas, adotou critérios recomendando a avaliação por fenótipos.

Os 4 subtipos de rosácea conforme o Comitê Nacional Norte-Americano de Rosácea são listados a seguir:

Rosácea Eritemato-telangiectásica

Rosácea eritemato-telangiectásica
Rosácea eritemato-telangiectásica ocorrem longos períodos de Flushing facial, geralmente maiores que 10 minutos, normalmente desencadeados por fatores estimulantes. O eritema é mais frequente e intenso na região centro facial, poupando as perioculares. Os pacientes geralmente têm um limiar baixo de sensibilidade para o uso de produtos tópicos.

Rosácea papulomatosa

Rosácea papulomatosa
Rosácea papulomatosa- geralmente acomete mulheres de meia – idade, caracterizada pela presença de uma área de eritema nas regiões centrais da face, associada à pápulas e pústula. O Flushing pode ocorrer, mas em menor intensidade que o subtipo eritematotelangiectásico.

Rosácea fimatosa

Rosácea fimatosa
Rosácea fimatosa- presença de fima, levando a acentuado espessamento da pele, mais comumente na superfície do nariz (rinofima) e regiões malares, afeta mais o sexo masculino.

Rosácea ocular

Rosácea ocular
Rosácea ocular incluem achados oculares e perioculares que incluem blefarite e conjuntivite, evoluindo, eventualmente, para queratite, esclerite ou irite. Podendo sentir queimação ou prurido, aumento da sensibilidade à luz e sensação de presença de corpo estranho na região.

Além dos subtipos descritos, existem outras 4 variantes:

  • Rosácea fulminans– doença grave, com aparecimento repentino de pápulas e pústulas inflamatórias sobrepostas sobre fundo de eritema facial, às vezes com febre.
  • Rosácea conglobata – presença de cistos faciais inflamatórios com cicatrizes.
  • Rosácea granulomatosa – mais comum em fotótipos mais altos, manifestam-se com nódulos firmes semelhantes ao que são visto na sarcoidose cutânea e tuberculose, com pápulas persistentes, que vão da cor da pele a vermelho escuro com histologia de granulo não caseoso.
  • Rosácea esteróide – associada ao uso crônico de esteroides tópicos, que mascaram temporariamente, o quadro de rosácea que reaparece com a suspensão do medicamento, levando ao uso vicioso em que o paciente recorre novamente ao medicamento.

Tratamentos Estabelecidos para Rosácea

Vários tratamentos múltiplos tem sido estabelecidos, embora a maioria dos pacientes com rosácea apresentam recorrências e exacerbações repetidas.

Os tratamentos tópicos com metronidazol e ivermectina têm se mostrado eficazes no tratamento da rosácea. O metronidazol, na forma de creme tópico, é comparável em eficácia à tetraciclina em baixas doses. Estudos demonstraram que a ivermectina tópica é especialmente eficaz para a rosácea papulopustular, proporcionando benefícios psicológicos significativos aos pacientes. Além disso, a ivermectina tópica pode ser aplicada em casos de rosácea leve a moderada.

O ácido azelaico também é um tratamento aprovado para rosácea leve a moderada e apresenta eficácia comparável ao metronidazol tópico. A sulfacetamida sódica e o enxofre ressurgiram como opções terapêuticas para a acne e a rosácea. A limpeza da pele duas vezes ao dia com uma solução de sulfacetamida sódica e enxofre tem se mostrado eficaz. Em alguns casos, o peróxido de benzoíla pode resolver rapidamente pápulas e pústulas eritematosas, mas pode causar desconforto em pessoas com barreira cutânea comprometida e pele sensível.

No tratamento oral da rosácea, a tetraciclina é amplamente utilizada, geralmente melhorando os sintomas após algumas semanas de uso. Além disso, outros antibióticos, como minociclina, doxiciclina e seus derivados, têm benefícios no tratamento da rosácea. A duração do tratamento com tetraciclinas orais varia.

Os macrolídeos, como a eritromicina, são alternativas quando há contraindicações para o uso de tetraciclinas. A claritromicina e a azitromicina também são benéficas para a rosácea.

O metronidazol tópico é seguro durante a gravidez e pode ser uma opção para mulheres grávidas com rosácea. É importante evitar o consumo de álcool durante o tratamento com metronidazol.

Em casos em que o tratamento oral prolongado é necessário, a isotretinoína em doses baixas pode ser considerada. Além de tratar a rosácea, a isotretinoína também pode reduzir o volume nasal no caso de rinofima e diminuir a produção de sebo a curto prazo.

Os antagonistas do receptor B-adrenérgico, como carvedilol, atenolol, nadolol e propranolol, são utilizados sistemicamente e têm propriedades vasoconstritoras nas arteríolas dérmicas. No entanto, eles não atuam nos capilares. O carvedilol tem se mostrado eficaz no tratamento do eritema da rosácea, embora possa apresentar riscos como hipotensão e bradicardia.

Outra opção de tratamento é a aplicação intradermica de toxina botulínica tipo A, que melhora o eritema transitório da rosácea. Recomenda-se o uso de diluições adequadas para evitar disfunção muscular.

Estudos têm demonstrado melhora do eritema transitório e persistente com o uso de toxina botulínica tipo A, diluída em solução salina fisiológica. A quantidade utilizada varia de acordo com o paciente.

O uso de tecnologias no tratamento da Rosácea

Diversas tecnologias são utilizadas no tratamento da rosácea com o objetivo de melhorar o eritema, telangiectasias e rinofima.

A luz intensa pulsada (LIP) é uma opção recomendada para tratar telangiectasias. Além disso, pode apresentar algum efeito sobre o eritema, pápulas e pústulas. A LIP atua por meio da fototermólise, que danifica os vasos sanguíneos, levando à coagulação intravascular. É importante ressaltar que o tratamento com LIP pode resultar em um leve eritema e/ou edema.

O laser de alta potência Nd:Yag, com uma onda de 1.064nm, demonstrou eficácia no tratamento de problemas vasculares e inflamatórios associados à rosácea, incluindo telangiectasias faciais. Uma de suas vantagens é a capacidade de penetração profunda na pele e baixa absorção pela melanina.

Para tratar o rinofima, é indicado o uso do laser fracionado ablativo de CO2, com uma onda de 10.600nm. Esse tipo de laser emite um feixe de luz infravermelha que é atraído pelas moléculas de água presentes no corpo humano. Isso resulta na vaporização dessas moléculas, estimulando a reparação do tecido por meio da produção de colágeno.

O laser de potássio-titanil-fosfato (KTP), com uma onda de 532nm, é especialmente eficaz no tratamento de telangiectasias superficiais e pequenas. No entanto, seu uso pode ser limitado em fototipos mais altos devido ao risco de hiperpigmentação.

Outra opção é o laser pro-Yellow (LED), com uma onda de 577nm que emite uma energia luminosa completamente amarela. Estudos relatam sua eficácia no tratamento do eritema e das telangiectasias faciais na rosácea.

A terapia fotodinâmica com ácido d-aminolevulínico (ALA-PDT) tem demonstrado eficácia no tratamento da rosácea granulomatosa, eritematotelangiectásica e papulopustular. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar sua segurança, uma vez que altos níveis de terapia fotodinâmica podem desencadear surtos de rosácea.

O tratamento adequado da rosácea ocular requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo oftalmologistas e dermatologistas. Além das medidas básicas de higiene palpebral, como compressas mornas, também podem ser recomendados substitutos artificiais de lágrimas para aliviar a secura ocular, a queimação e as picadas. Em casos mais graves, colírios contendo ciclosporina e, em alguns casos, o uso de tetraciclinas sistêmicas podem ser prescritos.

Tratamento da Rosácea com o uso dos Agregados Plaquetários Autólogos

A terapia com origem na transfusiologia faz uso de concentrados de plaquetas para tratar trompocitopenia. Em 1954, Kingsley introduziu o termo “plasma rico em plaquetas” (PRP), ao se referir a transfusões de plaquetas concentradas. A primeira clínica a relatar o uso local de concentrados de plaquetas autólogas para promoção de cicatrização foi documentada por Knighton, em 1986. Marx, em 1998, iniciou a aplicação do produto na odontologia/medicina regenerativa para reconstrução óssea em cirurgia bucomaxilofacial.

O PRP, uma solução autóloga de plasma altamente concentrada preparada a partir do sangue do paciente, contém plaquetas que supostamente liberam múltiplos fatores de crescimento, úteis em diversas aplicações dermatológicas. O PRP, biomaterial autólogo natural, rico em glicoproteínas e fatores de crescimento, é fácil de preparar e econômico. Ele tem sido usado na cirurgia maxilofacial devido às suas características antiinflamatórias e estimulantes de proliferação celular. Recentemente, o uso do PRP tem se estendido para a dermatologia, sendo utilizado na regeneração tecidual, cura de feridas, melhora de cicatrizes, rejuvenescimento dérmico e alopecia.

Em 2001, Joseph Choukroun desenvolveu um concentrado de segunda geração, o plasma rico em fibrina (PRF), obtido por meio de uma única centrifugação, sem a necessidade de anticoagulantes. Esse produto, totalmente autólogo, contém uma matriz extracelular de fibrina e uma série de moléculas bioativas, predominantemente fatores de crescimento. A forma sólida de PRF, obtida com o uso de tubo de vidro, tem sido amplamente utilizada na cirurgia bucomaxilofacial e na cirurgia plástica, beneficiando a regeneração óssea e de tecidos moles, além de controle de infecções.

Em 2014, foi desenvolvida uma forma fluida e injetável de PRF, chamada i-PRF, modificando a força de centrifugação. Reduzindo a velocidade e o tempo de centrifugação e utilizando tubos de plástico, é possível retardar a coagulação da fibrina nos estágios iniciais, gerando um produto que permanece líquido por aproximadamente 20 minutos após a centrifugação. Este é um material apropriado para uso no rejuvenescimento facial. A i-PRF possui o benefício adicional de ser injetável e pode ser usada sozinha ou facilmente combinada com outros biomateriais.

É relevante destacar que a composição sanguínea básica contém hemácias, leucócitos, plaquetas e plasma, com a quantidade de plaquetas variando de 150.000mm3 a 400.000mm3. Para que o plasma seja considerado rico em plaquetas, deve conter mais de 1.000.000 de plaquetas por μL de plasma. A indução da angiogênese requer uma concentração de plaquetas acima de 1.500.000/μL. Após a centrifugação autóloga, a concentração de plaquetas aumenta para 94%, enquanto a concentração de glóbulos vermelhos cai para 5%.

O tratamento com PRP tem demonstrado melhorias notáveis em cicatrizes traumáticas e de acne, com aumentos na densidade de colágeno e fibras elásticas dérmicas. A combinação do PRP com terapias como tratamento a laser, microagulhamento e preenchimentos de ácido hialurônico leva a uma aparência melhorada da pele. Atualmente, os concentrados plaquetários são utilizados para o rejuvenescimento facial, tanto em combinação com microagulhamento e em técnicas de mesoterapia, quanto para tratar cicatrizes faciais de acne, melasma, bem como feridas após tratamentos a laser.

A justificativa científica para terapias clínicas com PRP é que a injeção de plaquetas concentradas em locais de lesão pode iniciar o reparo tecidual por meio da liberação de muitos fatores biologicamente ativos e proteínas de adesão. Estudos recentes têm investigado a eficácia do PRP enriquecido com células-tronco CD34+ para o tratamento de rosácea, com resultados promissores, mas ainda necessitando de mais pesquisa de longo prazo para confirmação.

Uma melhora significativa de células inflamatórias em um trabalho realizado com aplicação de PRP na face de pacientes com rosácea. Neste estudo, 40 pacientes com rosácea receberam tratamento com injeções de Plasma Rico em Plaquetas (PRP) no lado direito do rosto, e injeções de plasma pobre em plaquetas no lado esquerdo. As sessões de tratamento ocorreram a cada duas semanas durante um período de três meses, totalizando seis sessões. Biopsias de pele foram realizadas para avaliar os resultados clínicos.

Foi observada uma melhora notável nos pacientes que receberam o tratamento com PRP: 50% apresentaram uma melhora considerada excelente. No grupo que recebeu a injeção de plasma pobre em plaquetas, a melhora foi avaliada como boa em 50% dos casos. A análise de biópsia com coloração de hematoxilina e eosina mostrou uma redução significativa nas células inflamatórias e uma diminuição na expressão do fator nuclear Kappa β após o tratamento com PRP.

A terapia com PRP demonstrou ser uma técnica eficaz e segura para o tratamento da rosácea, representando uma alternativa às outras modalidades sistêmicas, especialmente quando estas últimas estão contraindicadas.

Tratamento da Rosácea com o uso do Laser de Baixa Intensidade (LBI) Vermelho e Infra-vermelho.

LASER é um acrônimo para “Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation”, que em tradução livre significa “amplificação da luz por emissão estimulada de radiação”. Os lasers de baixa potência foram inicialmente concebidos para aplicações terapêuticas.

Mester, em 1968, foi pioneiro no uso de Laser de Baixa Intensidade (LBI) em pesquisas biomédicas relevantes, especialmente no que se refere à cicatrização. O LBI também é conhecido como Laserterapia ou Terapia com Laser de Baixo Nível (LLLT, na sigla em inglês).

O LBI é uma forma de radiação não ionizante, altamente focada e não invasiva, que é bem tolerada pelos tecidos. Ele sempre opera com uma potência inferior a 1 Watt e a temperatura no tecido alvo não deve exceder 1 grau Celsius. Seu efeito biológico não é resultado de ação térmica, mas de ação biomoduladora nas células e tecidos.

Em termos macroscópicos, foi observado que feridas cirúrgicas irradiadas com luz coerente ou incoerente, em comprimentos de onda vermelha e próximo ao infravermelho, tendem a cicatrizar mais rapidamente do que feridas não irradiadas. Os parâmetros recomendados na literatura variam de 1 J/cm2 a 50 J/cm2, porém, fluências menores, até 10 J/cm2, têm mostrado melhores resultados em humanos.

A fotorrecepção na mitocôndria pode intensificar o metabolismo respiratório e as propriedades eletrofisiológicas da membrana, provocando alterações na fisiologia celular durante o processo de reparação.

A bioestimulação influencia o estímulo da proliferação de células endoteliais, levando à formação de novos vasos sanguíneos e à produção de tecido de granulação. Além disso, promove o relaxamento da musculatura lisa e contribui para os efeitos analgésicos do laser terapêutico.

Os efeitos terapêuticos notáveis do laser incluem ação anti-inflamatória, estímulo à cicatrização acompanhado da formação de novos vasos sanguíneos, e redução do inchaço tecidual e da hiperemia vascular. A energia acumulada nos tecidos provoca uma reação primária, ligada a processos fotobioquímicos de natureza bioelétrica ou bioquímica, que instigam respostas celulares, como o aumento da síntese de DNA, RNA, ATP, prostaglandinas e proteínas, aumentando a atividade dos fibroblastos e estimulando a produção de colágeno. Esses efeitos primários levam a efeitos secundários, como o estímulo do trofismo, a ampliação da microcirculação e a regularização vascular.

A irradiação ocorre numa faixa espectral que varia entre a luz visível (vermelha) e a infravermelha. Os comprimentos de onda entre 600 e 700nm são utilizados para tratamento de tecidos superficiais, enquanto os comprimentos entre 780 e 950nm são escolhidos para tecidos mais profundos. O laser Diodo Arseniato de Gálio e Alumínio (GaAIAs) possui uma emissão contínua e um comprimento de onda de 620 a 830nm, sendo conhecido por sua alta penetração nos tecidos, uma vez que hemoglobina e água apresentam baixo coeficiente de absorção por ele.

A luz visível atua principalmente nos lisossomos e mitocôndrias, aumentando a síntese de ATP. Ao absorver a luz, esses elementos desencadeiam reações fotoquímicas, ativando a síntese de enzimas e produção de aminoácidos e proteínas. A luz infravermelha atua mais a nível das membranas celulares (bombas de sódio e potássio, assim como nos canais de cálcio), que absorvem os fótons e alteram seu potencial, induzindo efeitos fotofísicos e fotoelétricos, excluindo os efeitos térmicos, causando impacto entre as células.

Em uma pesquisa realizada utilizando um modelo de rosácea em ratos, a aplicação da Terapia de Fotobiomodulação (PBMT) resultou em uma redução notável nos índices de eritema e infiltração de células inflamatórias em lesões de rosácea. Análises histológicas revelaram um espessamento e disposição organizada das fibras de colágeno dérmico nas lesões semelhantes à rosácea. Desse modo, a PBMT pode promover a melhoria das lesões de rosácea ao mediar a regeneração epidérmica, reparar a barreira cutânea e aumentar o colágeno dérmico. Esta pesquisa também confirmou que a PBMT é capaz de suprimir a angiogênese, o que pode contribuir para o aprimoramento do tratamento da rosácea. Em suma, a PBMT pode atenuar a inflamação e o eritema da pele semelhante à rosácea, demonstrando potencial terapêutico para o tratamento dessa condição.

Um estudo complementar foi realizado utilizando radiação em pacientes com rosácea, com aparelhos com comprimento de onda de 660 nm (vermelho) e infravermelho com comprimento de onda de 780 nm, potência de 15 mW, e fluência de 3.8 J/cm2, por um período de 10 segundos por ponto. Após 10 sessões, os pacientes relataram melhoria no rubor (flushing), ardor, coceira e sensibilidade da pele tratada, além da diminuição ou desaparecimento da acne, diminuição do inchaço abaixo dos olhos e regressão das telangiectasias. Os dermatologistas responsáveis pelo estudo confirmaram a melhoria significativa dos sinais e sintomas.

Outra pesquisa fez uso da terapia de laser de baixa intensidade para tratar telangiectasias faciais. O experimento utilizou um aparelho com intensidade de 6J/cm2, luz vermelha (660-690 nm) e infravermelha (790-830 nm), e potência de 100 mW. A aplicação foi feita em pontos a cada 2 cm2 de pele com uma distância de 1,5 cm entre a pele e a ponta do laser, resultando em uma diminuição visível da hiperemia e das telangiectasias.

Em outra pesquisa experimental, foi realizada radiação com LED vermelho (660nm) a uma potência de 20 watts, durante 20 minutos, ao longo de 16 sessões (2 meses), com duas sessões semanais. Este tratamento resultou em uma modulação da flacidez do tecido, com uma provável melhoria do sulco nasogeniano.

E o que podemos concluir sobre a Harmonização Facial em pacientes com Rosácea?

A rosácea é uma condição inflamatória crônica que impacta cerca de 22% da população global. É frequente receber pacientes com essa condição em clínicas, o que está alinhado com a epidemiologia descrita em diversos estudos. Esses indivíduos frequentemente questionam se podem realizar procedimentos de harmonização facial após o diagnóstico de rosácea. Segundo a literatura científica, existem diversas categorias de rosácea, e cabe ao profissional de saúde implementar o tratamento mais eficaz possível, de acordo com seus conhecimentos.

Há tratamentos convencionais disponíveis no mercado, incluindo terapias tópicas, sistêmicas, tecnológicas e cirúrgicas, que apresentam resultados positivos. No entanto, devido à natureza desafiadora e recorrente da rosácea, muitas vezes esses tratamentos não são totalmente satisfatórios, pois a condição pode ser desencadeada por fatores ambientais ou estilos de vida. Portanto, é importante enfatizar a prevenção, como práticas de higiene da pele, hidratação (ressaltando que alguns cosméticos podem provocar a condição), moderação no consumo de bebidas quentes, adaptação às variações climáticas, como frio e sol, limitação do consumo de alimentos condimentados, controle do estresse, entre outros.

Identificar a classificação da rosácea em cada paciente é crucial, pois com base nos sinais e sintomas, pode-se determinar um tratamento apropriado, seja individual ou combinado com outras terapias.

A literatura científica examinada destaca de forma unânime os benefícios da terapia com plasma rico em plaquetas (PRP), especialmente na redução do processo inflamatório. Essa terapia resulta na diminuição de sintomas como eritema, ardência, dor, pinicação, telangiectasias e papúlas. As aplicações podem ser feitas intradérmicas, com cânulas subcutâneas e microagulhamento.

O PRP é um biomaterial autólogo com propriedades anti-inflamatórias e que estimula a proliferação celular. As plaquetas, originárias de megacariócitos na medula óssea, possuem microtúbulos contráteis em sua periferia contendo actina e miosina. Internamente, contêm estruturas com glicogênio, lisossomos e dois tipos de grânulos: grânulos densos, que contêm adenosina difosfato, adenosina trifosfato, serotonina e cálcio, e grânulos alfa, que contêm fatores de coagulação e fatores de crescimento.

O PRP tem uma alta concentração de plaquetas. Quando ativadas, as plaquetas liberam vários fatores de crescimento e outras proteínas bioativas contidas nos grânulos alfa, potencializando o processo de reparo e regeneração tecidual. Estes concentrados plaquetários são característicos por liberar muitos desses fatores simultaneamente. Dentre os fatores de crescimento liberados pelas plaquetas após ativação estão: PDGF (Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas), TGF-α e β (Fatores de Crescimento Transformadores alfa e beta), EGF (Fator de Crescimento Epidérmico), FGF (Fator de Crescimento de Fibroblastos), KGF (Fator de Crescimento de Queratinócitos), IGF (Fator de Crescimento Semelhante à Insulina), PDEGF (Fator de Crescimento Epidérmico Derivado de Plaquetas), IL-8 (Interleucina-8), TNF-α (Fator de Necrose Tumoral alfa), GTGR (Fator de Crescimento do Tecido Conjuntivo) e GM-CSF (Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos) são liberados pelas plaquetas, destacando a importância fundamental que estas desempenham no processo de cicatrização de feridas.

Ao mesmo tempo em que controla o aspecto inflamatório da rosácea, o PRP pode promover uma melhora na aparência facial do paciente, proporcionando um rejuvenescimento da pele. Isso se dá através do aumento da elasticidade dérmica pela proliferação de queratinócitos e fibroblastos, e produção de colágeno tipo 1, resultando em uma pele mais radiante.

Em relação ao PRP e ao fibrina rico em plaquetas injetável (i-PRF), ambos apresentam ações similares nas primeiras horas após a aplicação. Contudo, o PRP dissolve gradualmente ao longo do tempo, enquanto o i-PRF forma um pequeno aglomerado de componentes de fibrina que agem como um hidrogel dinâmico com células inseridas. Esta fibrina rica em plaquetas resulta em uma liberação mais lenta dos fatores de crescimento.

Outra abordagem terapêutica que pode complementar o tratamento para rosácea envolve as terapias com Laser de Baixa Intensidade (LBI), tanto vermelho quanto infravermelho. Observou-se que os efeitos desses dispositivos não são decorrentes de ação térmica, mas de modulação biológica em células e tecidos.

A terapia com laser de baixa intensidade pode ser definida como a aplicação de luz a um sistema biológico com o objetivo de promover a regeneração dos tecidos, reduzir a inflamação e aliviar a dor. Dessa definição, conclui-se que a melhoria dos principais sinais e sintomas da rosácea, como rubor, ardência, coceira, sensibilidade da pele, redução de acne, diminuição do inchaço sob os olhos e regressão de telangiectasias, bem como o alívio da inflamação e eritema, foram notados.

Além disso, o laser de baixa intensidade pode reparar a barreira da pele devido à sua ação fotobiomoduladora, aumentando o colágeno e a elastina, o que melhora as lesões da rosácea mediando a regeneração epidérmica e beneficia o tratamento do envelhecimento facial.

Ao depositar energia luminosa sobre os tecidos, o LBI provoca efeitos biológicos, pois a irradiação estimula as mitocôndrias celulares, promovendo um aumento na produção de trifosfato de adenosina (ATP) intracelular e favorecendo a produção de ácido araquidônico e da transformação de prostaglandina em prostaciclina, justificando, assim, sua ação antiedematosa e antiinflamatória. Além disso, a terapia a laser promove a modulação nos receptores neuronais, além de aumentar a endorfina, dopamina e serotonina circulantes, proporcionando um efeito analgésico na dor inflamatória. Também estimula a síntese de colágeno e elastina.

Vale ressaltar que com o aumento da atividade dos fibroblastos e miofibroblastos, o tecido apresenta maior resistência à ruptura contra forças de tensão maiores. Isso se deve a uma maior organização e maturação das fibras de colágeno III, que são gradualmente substituídas pelas fibras de colágeno I.

Portanto, a terapia a laser oferece uma modalidade segura de tratamento que geralmente é livre de efeitos colaterais.

Esses tratamentos beneficiam pacientes com rosácea que buscam tratamentos de harmonização. Além de contribuírem para a diminuição dos processos inflamatórios, diminuindo eritemas, rubor e telangiectasias, eles promovem espessamento dérmico com a indução de colágeno e elastina, permitindo uma melhora na aparência da pele.

Profissionais clínicos e pesquisadores devem considerar esses tratamentos com agregados plaquetários e laser de baixa intensidade em pacientes com rosácea, pois são abordagens de baixo custo, principalmente quando comparadas com laser de alta intensidade, além de serem eficazes.


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Publicado por:
Mestre em Medicina/Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Prótese Dentária, Prótese Bucomaxilofacial e em Harmonização Orofacial. Coordenador de cursos em Implantodontia e Harmonização Orofacial do Instituto Velasco, Diretor do Hospital da Face. Trabalha desde 2011 em harmonização facial.