Os Riscos Associados ao Uso do Endolaser Facial

Os Riscos Associados ao Uso do Endolaser Facial

Quem brinca com sabre de luz sabe que tem chance de perder uma mão. Luke Skywaker entendeu isso e ficou um tempo sem dar joinha.

“Foi só a mão, mas pode ser pior”, diria mais tarde Han Solo…

O fato é que todo poder em mãos erradas pode machucar. E, no uso do Endolaser Facial não é muito diferente. Pode ser perigoso em mãos “não treinadas”.

Embora seja uma técnica minimamente invasiva e altamente eficaz em muitos casos, é crucial entender os riscos associados ao seu uso. Vamos discutir esses riscos:

Queimaduras e Lesões Térmicas

Queimaduras e lesões térmicas podem ser tanto os principais objetivos (quando controlados) como algo perigosamente significativo quando não foi algo planejado.

Essas complicações podem surgir quando o laser utilizado tem uma potência excessiva ou quando é aplicado por um período de tempo prolongado em uma área específica da pele (ou abaixo da pela). A energia do laser é convertida em calor ao entrar em contato com o tecido (por conta dos cromóforos, falamos isso em um artigo anterior), e esse calor pode causar danos às células cutâneas e aos tecidos subjacentes quando não for adequadamente controlado.

O risco de queimaduras e lesões térmicas é particularmente elevado em procedimentos que requerem uma alta densidade de energia ou uma aplicação prolongada, ou mesmo em áreas com uma camada mais fina de pele, como a região periorbital, que se mostram bem mais susceptíveis a esses tipos de lesões.

Aqui estão os parâmetros do equipamento que devem ser observados para evitar queimaduras e lesões térmicas:

Potência do Laser

A potência do laser, geralmente medida em watts, é um dos parâmetros mais críticos a serem monitorados. Um laser de alta potência pode fornecer energia muito rapidamente, aumentando o risco de queimaduras. Portanto, é crucial começar com uma potência mais baixa e aumentá-la gradualmente, observando cuidadosamente a resposta da pele.

Tempo de Exposição

O tempo durante o qual o laser está em contato com a pele também é um fator crítico. Mesmo um laser de baixa potência pode causar queimaduras se aplicado por um período prolongado. É recomendável usar um cronômetro ou um sistema de temporização integrado ao equipamento de laser para controlar rigorosamente o tempo de exposição.

Densidade de Energia

A densidade de energia, medida em joules por centímetro quadrado (J/cm²), é outro parâmetro vital. Ela representa a quantidade de energia entregue por unidade de área da pele. Uma densidade de energia muito alta pode levar a um acúmulo excessivo de calor, resultando em queimaduras e lesões térmicas. Portanto, é essencial ajustar esse parâmetro com base no tipo de pele e na condição que está sendo tratada.

Monitoramento em Tempo Real

Alguns dispositivos de laser modernos vêm com sistemas de monitoramento em tempo real que podem detectar variações na temperatura da pele e ajustar automaticamente os parâmetros do laser. Essa tecnologia pode fornecer uma camada adicional de segurança.

Hiperpigmentação e Hipopigmentação

A hiperpigmentação e a hipopigmentação são alterações na coloração da pele que podem ocorrer após procedimentos de endolaser facial. A hiperpigmentação envolve o escurecimento de áreas da pele, frequentemente como resultado de uma resposta inflamatória ou da produção excessiva de melanina. Por outro lado, a hipopigmentação refere-se ao clareamento da pele, que pode ocorrer devido à destruição ou inibição das células produtoras de melanina (melanócitos).

Aqui estão os parâmetros do equipamento que devem ser observados para evitar hiper e hipopigmentação:

Comprimento de Onda do Laser

O comprimento de onda do laser é um dos parâmetros mais críticos para prevenir a hiperpigmentação e a hipopigmentação. Lasers com comprimentos de onda mais longos penetram mais profundamente na pele e são geralmente mais seguros para peles mais escuras, que têm maior quantidade de melanina. Por exemplo, lasers Nd:YAG, que têm um comprimento de onda de 1064 nm, são frequentemente usados para tratar pacientes com pele mais escura.

Tipo de Pele do Paciente

É crucial avaliar o tipo de pele do paciente usando a escala Fitzpatrick, que classifica a pele de acordo com sua reação à exposição solar. Isso ajuda o médico a escolher o comprimento de onda mais adequado e a ajustar outros parâmetros, como a densidade de energia e o tempo de pulso.

Teste de Mancha

Realizar um teste de mancha em uma área pequena e discreta da pele pode ajudar a avaliar como a pele reagirá ao tratamento. Isso permite ajustar os parâmetros antes de proceder com a aplicação em áreas maiores.

Monitoramento e Ajuste de Parâmetros

Durante o procedimento, é essencial monitorar a resposta da pele e ajustar os parâmetros conforme necessário. Além disso, o acompanhamento pós-procedimento é crucial para identificar e tratar precocemente qualquer sinal de alteração pigmentar.

Risco de Cicatrizes

O endolaser facial é frequentemente empregado para tratar uma variedade de condições como cicatrizes de acne, cicatrizes cirúrgicas e outras marcas indesejadas. No entanto, paradoxalmente, o procedimento em si pode causar cicatrizes se não for realizado com precisão e cuidado. As cicatrizes podem ocorrer devido a uma variedade de fatores, como danos excessivos ao tecido, queimaduras, ou mesmo uma resposta inflamatória exacerbada pós-procedimento.

O risco de cicatrização é maior em áreas onde a pele é mais fina ou mais sensível, e em pacientes com histórico de cicatrização hipertrófica ou queloidiana. Além disso, a técnica inadequada, como a aplicação de energia excessiva ou a falta de cuidado pós-operatório, pode aumentar significativamente esse risco.

Aqui estão os parâmetros do equipamento que devem ser observados para evitar cicatrizes:

Velocidade de Pulso

A velocidade de pulso do laser refere-se à duração de cada pulso de energia emitido pelo dispositivo. Um pulso mais rápido pode minimizar o tempo de exposição da pele ao calor, reduzindo assim o risco de danos que podem levar à cicatrização. Ajustar a velocidade de pulso de acordo com o tipo de pele e a condição a ser tratada é crucial.

Densidade de Energia

A densidade de energia (J/cm²) é outro parâmetro crítico que deve ser ajustado para minimizar o risco de cicatrização. Uma densidade de energia muito alta pode causar danos excessivos ao tecido, enquanto uma densidade de energia muito baixa pode ser ineficaz e exigir múltiplas sessões, aumentando o risco de complicações.

Resfriamento da Pele

O resfriamento adequado da pele antes, durante e após o procedimento é vital para minimizar o risco de cicatrizes. O resfriamento pode ser realizado com a ajuda de géis, dispositivos de resfriamento por ar ou outros métodos. Isso ajuda a reduzir a inflamação e a minimizar o dano térmico ao tecido circundante.

Risco de Infecções

O risco de infecção é uma preocupação em qualquer procedimento médico que rompa a barreira cutânea, e o endolaser facial não é exceção. A pele serve como uma barreira natural contra patógenos, e qualquer intervenção que comprometa essa barreira pode potencialmente introduzir bactérias, vírus ou outros microrganismos no corpo. As infecções podem variar de leves a graves e podem complicar ainda mais o quadro se não forem tratadas adequadamente. Além disso, uma infecção pode retardar o processo de cicatrização e até mesmo levar a outras complicações, como cicatrizes permanentes ou disseminação da infecção para outras partes do corpo.

Aqui estão o que devem ser observados para evitar infecções:

Esterilização do Equipamento

A esterilização rigorosa de todo o equipamento que entrará em contato com tecido é fundamental para minimizar o risco de infecção. Isso inclui não apenas o aparelho de laser em si, mas também quaisquer instrumentos auxiliares, como  fibras, pinças, cotonetes e até mesmo as luvas usadas pelo profissional. Os equipamentos devem ser esterilizados usando métodos aprovados, como autoclavagem ou desinfecção com soluções químicas apropriadas.

Técnicas Assépticas

O uso de técnicas assépticas durante o procedimento é igualmente crucial. Isso inclui lavar as mãos adequadamente, usar luvas esterilizadas, e preparar o campo operatório de forma a minimizar a exposição a patógenos. O ambiente onde o procedimento é realizado também deve ser mantido limpo e esterilizado.

Antibióticos Profiláticos

Em alguns casos, especialmente para procedimentos mais invasivos ou para pacientes com histórico de infecções cutâneas, o uso de antibióticos profiláticos pode ser considerado para reduzir o risco de infecção pós-procedimento.

Após o procedimento, é vital monitorar a área tratada para sinais de infecção, como vermelhidão, inchaço ou secreção purulenta. Qualquer sinal de infecção deve ser tratado imediatamente com antibióticos ou outros tratamentos específicos.

O que mais você precisa saber?

Treinamento Adequado

O treinamento adequado dos profissionais de saúde é crucial para minimizar os riscos associados ao uso do endolaser. Isso inclui não apenas o manuseio do equipamento, mas também a avaliação precisa dos pacientes e suas condições. Por isso recomendamos que conheça nosso curso, o mais completo sobre o tema.

Consentimento Informado

É fundamental que os pacientes sejam plenamente informados sobre os riscos e benefícios do procedimento, permitindo-lhes tomar uma decisão informada.

Como qualquer intervenção médica, o endolaser facial também vem com seu conjunto de riscos. A compreensão e a mitigação desses riscos são fundamentais para maximizar os benefícios dessa tecnologia. Através de treinamento rigoroso, o endolaser é uma opção de tratamento segura e eficaz para lipólise e bioestímulo do colágeno.



Publicado por:
Mestre em Medicina/Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Prótese Dentária, Prótese Bucomaxilofacial e em Harmonização Orofacial. Coordenador de cursos em Implantodontia e Harmonização Orofacial do Instituto Velasco, Diretor do Hospital da Face. Trabalha desde 2011 em harmonização facial.