curso radiofrequencia microagulhada

Radiofrequência no Tratamento da Flacidez Palpebral

Abaixo você encontra a transcrição do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Velasco, como requisito para obtenção do título de Especialista em Harmonização Orofacial da Dra. Priscila Alves da Silva Bernardini Orientador: Rogério Gonçalves Velasco


Veja no final deste artigo como assistir à apresentação do trabalho e baixar o arquivo em PDF com todas as imagens e referências bibliográficas citadas neste artigo através do Instituto Velasco PLAY


1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento é resultante de vários processos: redução da hidratação, diminuição de colágeno e da elasticidade da pele perda e redistribuição do volume dos tecidos moles, reabsorção e remodelação óssea. Essas mudanças são influenciadas, pelo menos em parte, por alterações nos níveis hormonais e os efeitos prejudiciais da exposição crônica ao sol e tabagismo.

O processo de envelhecimento na região periorbicular ocorre por fatores que associados, resultam nas rugas e flacidez local.

O fotoenvelhecimento causado pela exposição cumulativa aos raios UV e o processo de envelhecimento intrínseco resultam em pele afinada e quantidade reduzida de fibras colágenas.Soma-se a esse processo a ação do músculo orbicular dos olhos, causando o enrugamento da pele sobrejacente à medida que se contrai.

Alterações morfológicas na pele, são causadas pela diminuição do número de fibroblastos e concentrações reduzidas de biossíntese de colágeno, elastina e glicosaminoglicanas (GAG). Fazendo com que a pele apresente frouxidão, mudança de textura e formação de rugas.

Embora as rugas periorbitais sejam reversíveis em idade jovem, a reversibilidade torna-se mais difícil à medida que as rugas se tornam mais estáticas com o processo de envelhecimento.

A busca por uma pele com aparência jovem aumentou a demanda por tratamentos cosméticos faciais eficazes, principalmente por tratamentos de rejuvenescimento não invasivos, não cirúrgicos, de baixo risco e tempo de inatividade mínimos.

Tecnologia de RF fracionada, é um método onde a energia térmica é gerada por meio de microagulhas isoladas ou não isoladas, que penetram a pele. Causam destruição parcial do tecido, criando zonas de micro feridas intercaladas com áreas de pele íntegra. Essas áreas de pele saudável, são as responsáveis pela regeneração e cascata de cura, promovendo formação de novo colágeno, elastina e glicosaminoglicanas, resultando em melhor textura da pele, redução de rugas, firmeza e volumização.

Ao contrário dos lasers não ablativos, os dispositivos de RF não dependem do cromóforo para eficácia ou segurança e, portanto, são adequados para todos os tipos de pele .

2. OBJETIVO

Apresentar, através de revisão de literatura, o uso da Radiofrequência para o tratamento da flacidez palpebral

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1  RADIOFREQUÊNCIA

Segundo Alexiades – A radiofrequência, quando fornecida como uma corrente elétrica oscilante, é uma faixa de frequência que abrange aproximadamente de 3 KHZ a 24 GHZ, corresponde às ondas de rádio. É uma energia cinética, também conhecida como energia do movimento. A energia cinética se transforma em energia térmica devido a resistência à passagem da corrente. Essa resistência é denominada Impedância.

Cada Hertz equivale a 1 ciclo por segundo ( Figura 1 ) 1.000 ciclos por segundo equivale a 1 KHZ. 1.000.000 de ciclos por segundo equivale a 1 MHZ 1.000.000.000 de ciclos por segundo equivale a 1 GHZ

Figura 1- Frequência e comprimento de onda. Fonte ( 15 )

A confusão entre Frequência MAIOR E MENOR :Os termos podem ficar confusos pois quanto maior o comprimento da onda, menor é a frequência.

Frequência “maior” , se refere a mais Herts (mais hertz, menor comprimento de onda).- ( Figura 2 ) O ideal é falar “Alta Energia” e “Baixa Energia” .

Figura 2: Comparativo da baixa frequência com a alta frequência. Fonte ( 16 )

Essa corrente elétrica oscilante, induz colisões entre átomos carregados e moléculas no tecido, gerando calor.
A profundidade de penetração da RF é inversamente proporcional à frequência. RF mais baixas penetram mais profundamente quando aplicadas na superfície da pele.

O calor é gerado pela resistência dos componentes do tecido ao movimento de moléculas carregadas e polares dentro do campo de RF oscilante. ( 4 ) De acordo com a Lei de Ohm, a deposição de energia térmica depende do tempo de entrega, da corrente e da impedância da pele. (Figura 3 )

Se o tempo e a corrente forem mantidos constantes, as diferenças da espessura nas zonas de coagulação, serão atribuídas a diferença de impedância da pele,conhecida por variar de região anatômica, hidratação, idade e sexo. ( 5 )
Figura 3 – Lei de Ohm – Fonte (17) 3.2)

3.2 TIPOS DE RADIOFREQUÊNCIA

Radiofrequência Monopolar – é MONOPOLAR, quando um dos pólos da radiofrequência é aplicado ao paciente e o outro pólo é uma placa negativa ou placa de acoplamento, que irá receber a energia aplicada pelo pólo positivo.

Radiofrequência Bipolar – Possui DOIS PÓLOS no manípulo aplicador, um perto do outro. gerando um ‘’arco’’ de energia RF, não necessitando da placa de acoplamento.

Radiofrequencia Fracionada ou Microagulhada – múltiplas microagulhas banhadas a ouro que ultrapassam a epiderme, emitindo ondas de radiofrequência nas camadas mais profundas da pele, preservando a superfície. Necessita da placa de acoplamento para funcionar.

Tipos de radiofrequência

 

Agulhas NÃO isoladas distribuem o calor desde a epiderme, podendo estimular termicamente os melanócitos, com maior risco de Hiperpigmentação.

Os disparos nas múltiplas agulhas podem ser :

A) Fracionado em disparo Único ( Aparelho da Tonederm )- ( Figura 7 )
Figura 7- Disparo Único – Fonte ( 19 )

B) Fracionado em Disparo Randomizado ( Aparelho da Loktal , na função Frax Smartshot).A randomização permite que haja um menor aquecimento do tecido adjacente as microlesões, se traduzindo em uma reparo cicatricial eficiente. ( Figura 8)

Figura 8- Disparo Randomizado- Mostra a liberação de energia de forma alternada entre as agulhas. Fonte ( 20 )

Ao penetrar na pele, atingindo a profundidade pré- determinada, as pontas das microagulhas transmitem a radiofrequência que é convertida em energia térmica no tecido circundante. Através da RF convertida em calor, ocorre a quebra das ligações cruzadas da hélice tripla das fibras colágenas, causando encolhimento e espessamento da fibra, resultando no aumento da tensão da pele.

Figura 9 – Corte Histológico – Imagem de microscopia confocal de reflectância com alta e baixa energia, em profundidades variadas. Fonte ( 5 )

Figura 10 -Imagem tomográfica – Corte transversal de microporos com Alta Energia de radiofrequência ( A e B ) e Baixa Energia de radiofrequência ( C e D ) – Fonte ( 5 )

A e B- Microporos induzidos por radiofrequência microagulhada de Alta Energia, visualizados como poros pretos e cônicos na epiderme e na derme papilar. ( Figura 10)

C e D- Microporos induzidos por radiofrequência microagulhada de Baixa Energia vistos como defeitos pretos nas camadas superficiais da pele. ( Figura 10 )

3.3 ESTUDOS PROSPECTIVOS

Em junho de 2021, um trabalho realizado por Arielle Kauvar e Amicam Gershonowitz,,, demonstraram a eficiência da Radiofrequência Microagulhada em um Estudo prospectivo, aberto, controlado intraindividual. (3)
A população do estudo incluiu adultos saudáveis com idade 30–50 anos com o tipo de pele Fitzpatrick I–VI que desejavam:

  • Melhorar a aparência das rugas da pele e textura
  • tinham pelo menos duas áreas faciais com rugas (pontuação da Escala de Elastose de Fitzpatrick [FEWS] score 3-6.

Os critérios de exclusão :

  • dispositivos eletrônicos implantáveis que poderiam ser interrompidos por energia de RF.
  • distúrbios dermatológicos ativos
  • condições concomitantes graves ou um sistema imunológico comprometido
  • uso de medicamentos que podem afetar a cicatrização
  • tratamentos recentes da face ou pescoço com preenchimentos, toxina
    botulínica, implantes, fios e cirurgia.
  • gravidez ou amamentação.
  • Cada participante do estudo recebeu seis tratamentos usando o Sistema Legend Pro (Lumenis).

 

Os três primeiros tratamentos foram administrados em intervalos de 3 semanas, visita de acompanhamento com 1 mês e com 3 meses.

Depois de 1 mês da segunda visita ( dos 3 meses ), foram iniciados mais 3 tratamentos com intervalos de 4 semanas, seguida por outra visita de acompanhamento com 1 mês e com 3 meses (Figura 11).
Toda a face, incluindo as regiões perioral e periorbitária, foi tratada.

Antes de cada tratamento, a área de tratamento foi limpa e seca. Os pacientes tiveram a opção de usar um agente anestésico tópico ( lidocaína 2,5% + prilocaína 2,5% pomada), que foi aplicado por 30 minutos antes do tratamento e removido antes do início do tratamento.

Protocolo de tratamento:
Durante as três primeiras sessões, baixo (nível de energia de 10% com taxa de exposição de 15%) a médio (nível de energia de 20% com 25% de taxa de exposição) foram usados parâmetros predefinidos.
Para a primeira sessão de tratamento, uma única passagem sobre a área de tratamento (sem sobreposição) foi realizada.

Na segunda sessão de tratamento, uma única passagem com 50% de sobreposição foi realizada. Na terceira sessão de tratamento, duas passagens foram realizadas.Na quarta a sexta sessões de tratamento, duas passagens foram realizadas em médio (nível de energia de 20% com taxa de exposição de 25%) a alta (nível de energia de 30% com 25% de taxa de exposição) parâmetros predefinidos. Os parâmetros podem ser reduzidos a critério do médico assistente para garantir o conforto do paciente.

Figura 12 A – Melhora da textura de pele, definida pelo avaliador – As barras representam a porcentagem de participantes em cada categoria avaliada. (Escore FEWS ± desvio padrão; *p < 0,005 para a diferença entre categoria de avaliação). M, meses; Tx, sessão de tratamento (3 meses após 3 sessões /1 mês após 6 sessões/ 3 meses após 6 sessões) .Laranja -Nenhuma mudança, Cinza – Leve melhora, Amarelo – Media melhora, Azul – Muita melhora

Figura 12 B- Melhora das rugas, definida pelo avaliador -As barras representam a porcentagem de participantes em cada categoria avaliada.(Escore FEWS ± desvio padrão; *p < 0,005 para a diferença entre categoria de avaliação). M, meses; Tx, sessão de tratamento (3 meses após 3 sessões /1 mês após 6 sessões/ 3 meses após 6 sessões ) .Laranja -Nenhuma mudança, Cinza – Leve melhora, Amarelo – Media melhora, Azul – Muita melhora

Figura 12 C- Melhora da aparência facial geral definida pelo avaliador -As barras representam a porcentagem de participantes em cada categoria avaliada.(Escore FEWS ± desvio padrão; *p < 0,005 para a diferença entre categoria de avaliação). M, meses; Tx, sessão de tratamento (3 meses após 3 sessões /1 mês após 6 sessões/ 3 meses após 6 sessões ) .Laranja -Nenhuma mudança, Cinza – Leve melhora, Amarelo – Media melhora, Azul – Muita melhora

Em 2015, Seung Jae Lee e colaboradores, fizeram um estudo cujo objetivo foi examinar a eficácia clínica e a segurança do sistema e radiofrequência fracionada microagulhada, para o tratamento de rugas periorbitais em pacientes coreanos.( 6 ) Foram selecionados 20 pacientes, sendo 19 mulheres e 1 homem. A idade média dos pacientes foi de 48,5 anos (variação, 37-61 anos) , pele de Fitzpatrick Tipo IV-V. ( TABELA 1). Antes do tratamento, a área periorbital foi suavemente limpa com um limpador suave e um creme anestésico tópico (EMLA; AstraZeneca, Wilmington, DE) foi aplicado para minimizar o desconforto do tratamento. Os olhos foram protegidos com protetores oculares. Em todos os indivíduos, a área foi tratada 3 vezes em intervalos de 4 semanas com o sistema RFM (INTRAcel, Jeisys, Coréia).

Os parâmetros de tratamento foram: o número de agulhas é 49 (Figura 14), as agulhas foram inseridas verticalmente, modo bipolar, inserção da agulha até 0,8 mm de profundidade, potência de 12,5 W e duração de 100 milissegundos.
Após o tratamento, a área foi resfriada com compressas de gelo por 20 minutos e antibióticos tópicos foram aplicados.
Os autores aconselharam todos os indivíduos a evitar a exposição ao sol e usar protetor solar durante e após o período de tratamento.

Figura 13 – Tabela 1 resume as características dos pacientes incluídos neste estudo.Fonte( 6 ).
Protocolo de Tratamento

Fotografias digitais de alta resolução foram tiradas antes de cada sessão de tratamento e 6 meses após o último tratamento usando uma câmera Nikon DSLR (Nikon, Tóquio, Japão). Para comparar a eficácia do tratamento, os autores avaliaram as mesmas áreas contendo rugas usando dermatoscopia (Aramo TS; Aram Huvis Co., Ltd., Seongnam, Coréia) e adquiriram imagens ampliadas.

Figura 14- Ilustração do conjunto de microeletrodos contendo 49 agulhas de RF bipolares
Figura 16 – Mulher de 48 anos antes do tratamento e 6 meses após o último tratamento. Melhora significativa foi observada.
Figura 15- Mulher de 55 anos antes do tratamento e 6 meses após o último tratamento. Uma melhora significativa foi observada

Figura 17- Mulher de 61 anos antes do tratamento e 6 meses após o último tratamento. Observou-se melhora significativa na área infraorbitária.

Dois pacientes (pele de Fitzpatrick Tipo IV–V) relataram hiperpigmentação da área tratada após o tratamento, que se resolveu dentro de 4 semanas após a última sessão de tratamento. Os pacientes asiáticos em particular têm maior probabilidade de desenvolver Hiperpigmentação.

Figura 18- Mostra os índices de satisfação dos pacientes 6 meses após a última sessão de tratamento.- Fonte ( 6 )

Em um estudo preliminar, os autores demonstraram a eficácia do sistema na remodelação dérmica ao mostrar o aumento da produção de HSP47 e procolágeno e a substituição total do colágeno desnaturalizado por novo colágeno e elastina.

A HSP47, é uma glicoproteína conhecida também como proteína de choque térmico, por ser sintetizada a temperaturas em torno de 42°C, sendo a única molécula capaz de se ligar ao colágeno devido ao estresse.

A RF causa o endurecimento do tecido da pele através da desnaturação do colágeno, contração e estimulação de fibroblastos. O processo de remodelação do colágeno continua por um período de 4 a 6 meses. Uma das vantagens do sistema é o seu poderoso dano térmico da derme profunda, poupando a epiderme e a estruturas anexas , o que contribui para a rápida cicatrização.

Segundo Moetaz e colaboradores: A resposta in vivo à cicatrização térmica de feridas consiste em 3 estágios consecutivos: inflamatório, proliferação e remodelação. Isso pode explicar porque os resultados clinicamente visíveis só foram alcançados entre 3 e 6 meses após o início do tratamento.

Em um estudo publicado em 2019 por Soon Hyo Kwona e colaboradores, comprovaram a segurança e eficácia do uso da radiofrequência monopolar microagulhada para o tratamento de rugas periorbitais. ( 2 ) Um total de 21 pacientes com 42 locais de tratamento foram incluídos neste estudo. Havia 18 pacientes do sexo feminino e 3 do sexo masculino com pele tipo III-IV de Fitzpatrick e idade variando de 31 a 67 anos. O dispositivo de RF microagulhada consiste em uma única microagulha carregada positivamente e uma almofada de aterramento carregada negativamente ( sistema AGNESVR ). O coxim de terra foi fixado ao tronco anterior. Os dois tipos de microagulhas utilizados para o tratamento foram: Agulha longa, com comprimento de 1,5 mm e agulha curta, com comprimento de 0,8 mm. Cada local de tratamento – direito ou esquerdo – foi tratado com apenas um tipo de microagulha durante as sessões de tratamento. Por exemplo, um paciente foi tratado com agulha longa em ambos os lados, agulha curta em ambos os lados ou agulha longa em um lado e agulha curta no outro lado. A escolha da microagulha foi eterminada pelo operador levando-se em consideração a profundidade das rugas. Os 0,4 mm proximais da microagulha foram isolados para fornecer energia de RF sem lesão epidérmica no ponto de contato. As microagulhas foram inseridas com intervalos de 3 a 5 mm na área marcada das rugas periorbitais. Uma corrente de RF de 1 MHz com uma intensidade de nível de potência 5-9 foi fornecida por uma duração total de 120 mseg. A pele tratada foi resfriada com gelo. Os pacientes foram submetidos a 3 sessões com intervalos de 4 semanas entre elas. O aquecimento dérmico inicialmente provoca a contração do colágeno e a remodelação do colágeno por 4 a 6 semanas após o tratamento.

Foram utilizados 2 métodos comparativos de avaliação :

  • IGA – Avaliação Global do investigador, onde Fotografias digitais de alta resolução são tiradas na mesma sala sem luz do dia sob condições ambientais controladas. Dois dermatologistas, que desconheciam o objetivo deste estudo, avaliaram as fotografias, que foram fornecidas aos dermatologistas em ordem não cronológica. A avaliação foi feita em relação à área, número e profundidade das rugas periorbitais. Escala de 1 a 6, onde 1= nenhuma ruga, 2= rugas leves, 3 = rugas leves a moderadas, 4= rugas moderadas, 5= Rugas moderadas a graves, 6 = rugas graves. As fotografias para análise IGA, foram tiradas antes do tratamento e nos acompanhamentos de 1 mês, 3 meses e 6 meses após o tratamento.
  • VISIA Complexion Analysis System (Canfield Imaging Systems, Fairfield, NJ, EUA) consiste em uma câmara de imagem facial, que é conectada a um software de análise quantitativa . Câmera com foco automático com resolução de 15 milhões de pixels gera uma série de fotografias de alta resolução em segundos usando três tipos de fontes de luz: incandescente padrão, ultravioleta e luz polarizada cruzada. O sistema VISIA identifica o tamanho total, a área e a intensidade das rugas sob uma luz de flash padrão. A gravidade das rugas é fornecida como uma pontuação de rugas, variando de 0 a 100. O escore VISIA foi medido na linha de base, 1 mês, 3 meses e 6 meses após o tratamento final.

Figura 19- Fotografias de um paciente tratado com o sistema de Radiofrequência microagulhada. O lado direito foi tratado com agulha longa e o lado esquerdo tratado com agulha curta. Uma redução das rugas periorbitais foi observada após três sessões de tratamento. A gravidade da ruga foi analisada usando o sistema VISIA. O escore foi reduzido de 13 para 10 no lado direito, de 13 para 9 no lado esquerdo.- Fonte ( 2 )

Figura 20 – Ambos os grupos tratados com agulhas Longas e Curtas mostraram melhoras significativas na pontuação IGA em 1 mês, 3 meses e 6 meses após o tratamento. Após 6 meses de tratamento , o escore de rugas VISIA melhorou significativamente no grupo tratado com agulha longa ( 1,5 mm ). Em contraste, nenhuma mudança significativa no escore de rugas VISIA foi observado no grupo tratado com agulhas curtas ( 0,8 mm ) durante todo o período do estudo. O escore de rugas VISIA aos 6 meses após o tratamento foi significativamente menor no grupo de agulhas longas ( LMN ) do que no de agulhas curtas ( SMN ).-Fonte ( 2 ).

Neste estudo, a medição VISIA revelou uma diferença estatística no resultado do tratamento entre o grupo LMN e SMN. Embora a avaliação fotográfica pelos investigadores não tenha discriminado qualquer diferença na eficácia do LMN e SMN, a medição VISIA mostrou uma pontuação de rugas VISIA significativamente menor no grupo LMN do que no grupo SMN aos 6 meses após o tratamento.

Estimulação da produção de colágeno em derme profunda, por LMN pode ter contribuído para os resultados. Como a corrente elétrica é focada perto da ponta dos eletrodos na configuração monopolar, o LMN pode produzir um nível mais alto de lesão térmica na derme profunda do que o SMN . Além disso, o próprio agulhamento da pele pode estimular a produção de colágeno através da cicatrização de feridas . O agulhamento da pele com LMN, que pode penetrar na pele até 1,5 mm, pode resultar em lesão dérmica de espessura total e induzir neocolagênese na derme mais profunda do que SMN.

Embora a RF monopolar tenha sido criticada por causar dor durante o procedimento, com a ajuda de creme anestésico tópico, tem sido considerada tolerável, com relato de nenhuma ou mínima dor. Houve eventos adversos leves e transitórios que se resolveram espontaneamente em 1 mês de acompanhamento pós-tratamento. Nenhum evento adverso grave ocorreu durante o estudo. A parte proximal isolada da microagulha pode contribuir para a prevenção de eventos adversos graves, principalmente HIP e cicatrizes, que estão relacionados ao dano epidérmico.

3.4 Histologia

Segundo Caliandra Pinto Araújo e colaboradores, A característica principal da pele normal que exibe fotoenvelhecimento, quando examinada histologicamente, é o acúmulo de material basofílico, amorfo, rico em fibras elásticas espessas e irregulares, com ausência de fibras colágenas, denominado elastose solar. ( 8 )
Moetaz El-Domyati e colaboradores , realizaram um estudo selecionando seis indivíduos com rugas de Fitzpatrick tipo III a IV e Glogau classe I a II .Foram submetidos a 6 sessões com intervalos de 2 semanas, totalizando 3 meses de tratamento.

Fotografias padrão e amostras de biópsia de pele foram obtidas no início, aos 3 e aos 6 meses após o início do tratamento. Realizaram avaliação quantitativa da elastina total, colágeno tipos I e III e colágeno recém-sintetizado usando técnicas histométricas computadorizadas e imuno-histoquímicas. Fotografias cegas foram pontuadas de forma independente para melhora das rugas.

A RF produziu resultados clínicos perceptíveis, com alta satisfação e correspondente melhora da pele facial. Houve aumento significativo na média de colágeno tipo I e III e colágeno recém-sintetizado, enquanto a média de elastina total diminuiu significativamente, ao final do tratamento e 3 meses após o tratamento.

Figura 21- Aumento do conteúdo de colágeno dérmico em resposta a radiofrequência. A coloração química dos tecidos da pele no início ( esquerda ), final do tratamento ( meio ) e após 3 meses pós tratamento ( direita ) para colágeno total ( superior ), colágeno tipo I ( meio ) e colágeno tipo III ( inferior ). Aumento na espessura da banda de colágeno na junção dermoepidérmica foi observado após o tratamento com radiofrequência em comparação com a linha base ( setas ).

Figura 22 – O nível de colágeno foi medido e os valores apresentados como porcentagem de colágenos derme-positivo. Os dados mostraram aumento significativo dos colágenos I e III em resposta a radiofrequência.

FIGURA 23- Aumento de colágeno recém-sintetizado. Exemplos representativos de tecidos de pele corados com picrosirius red vistos sob campo claro ( superior ) e campo polarizado ( inferior ). O campo claro captura o conteúdo total de colágeno.

A luz polarizada mostrou birrefringência amarela a laranja, refletindo o colágeno total em vermelho e o colágeno recém sintetizado em amarelo. Observe o aumento no colágeno recém -sintetizado, refletido por amarelo após o tratamento com a radiofrequência.( As fibras colágenas grandes se coram de vermelho enquanto as mais finas, que representam as fibras recém-sintetizadas, são coradas de amarelo a laranja ).- Fonte ( 7 )

Em pós-operatórios, a radiofrequência pode ser aplicada como terapia complementar. Os objetivos são aumentar o acúmulo de colágeno na região abordada, bem como a vasodilatação local, que permite uma maior migração de células de defesa para a região .Esses efeitos são benéficos, pois a maior produção de colágeno beneficiará o processo de cicatrização. Já o aporte de células de defesa em feridas pós-operatórias auxilia na prevenção de infecções de sutura.

Um caso apresentado por DR. IVONNE ŽGALJARDIĆ , mostra a eficácia do uso da radiofrequência microagulhada associado a outras técnicas. Mulher , 44 anos, apresentando edema malar e festoons. ( figura 24 ) Foi feita blefaroplastia cirúrgica superior e inferior.( Figura 25) Imediatamente após a cirurgia, foi feita radiofrequência microagulhada : Dose : de 52 joules, Agulha na profundidade de 1 mm a 1,5 mm. Subsequente peeling químico de profundidade média , utilizando ATA 15% Pós tratamento, a paciente foi orientada a colocar na área tratada um preparado de 1g de ácido ascórbico em 500ml de NaCl 0,9% ( cloreto de sodio ), 5 vezes ao dia, seguido de dexpantenol pomada. Após 14 dias, foi repetido o tratamento de radiofrequência com microagulhas fracionadas com peeling de média profundidade com ATA 15%.

Quatro semanas após a segunda sessão de tratamento, um bom efeito de firmeza de pele, sem a presença dos festoons foi observado.( Figura 26 )

Não houve complicações do tratamento. Os efeitos adversos foram eritema e edema pós tratamento, que durou 2 semanas, bem como descamação de pele após 5-7 dias.

Figura 24- Mulher ,44 anos, apresentando edema malar e festoons.- Fonte ( 10 )

Figura 25 – Após blefaroplastia cirúrgica superior e inferior.- Fonte ( 10 )

Figura 26 -Quatro semanas após a segunda sessão de tratamento de radiofrequência com microagulhas fracionadas com peeling de média profundidade ATA 15%. Um bom efeito de firmeza de pele, sem a presença dos festoons foi observado. Fonte ( 10 )

A radiofrequência fracionada tem sido utilizada no tratamento da flacidez da pele e rugas periorbitais com grande sucesso. A lesão térmica após o tratamento induz infiltração celular, neovascularização, formação de tecido de granulação e reepitelização, aumento das fibras colágenas e elásticas nas áreas tratadas. Os peelings químicos têm lugar estabelecido na cirurgia estética há anos.

O tratamento de radiofrequência bipolar fracionado com microagulhas combinado com ATA 15% representa um novo tratamento combinado para tratar edema malar e festoons. Muitos outros casos de pacientes devem ser tratados, para obter informações adicionais sobre efeitos adversos, complicações e resultados.

4. DISCUSSÃO

As pálpebras são estruturas especializadas com componentes anatômicos únicos. Com espessura que varia de 700μ a 800μ ( equivalente a 0,7mm a 0,8 mm ) a pele da pálpebra é a mais delgada do corpo.( 22 ).
A flacidez palpebral se dá por fatores intrínsecos como genética, por hábitos como exposição ao sol, tabagismo e pelo envelhecimento cronológico em si. ( 1 )
A motricidade do músculo orbicular aumenta a formação de rítides, que na pele flácida torna-se ainda mais evidente. Por ser uma região delicada, responsável pela proteção e preservação do globo ocular, os tratamentos precisam ser cuidadosos e controlados.(2) Melhores resultados são obtidos com associação de técnicas e produtos (10) Combinação de radiofrequência microagulhada com preenchimentos dérmicos e neuromoduladores ( toxina botulínica ), pode ser usada para melhorar os resultados clínicos e alcançar alta satisfação do paciente (4)

A radiofrequência fracionada com microagulhas é uma modalidade de tratamento utilizada para inúmeras condições dermatológicas. Ao penetrar na pele, induz uma resposta de cicatrização de feridas, que resulta em neocolagênese e neoelastogênese , resultando em um tratamento eficaz e de rápida recuperação para melhora do tônus e da tensão da pele ( 5 )

Além da lesão térmica da radiofrequência, o microagulhamento traz o estímulo mecânico para que os fibroblastos produzam novas fibras de colágeno. ( 5 )

A extensão da mudança dérmica observada reflete a configuração de energia. Na configuração de baixa energia, a profundidade da ablação foi menor e as zonas de coagulação foram menores do que nas configurações de energia mais altas. ( 3 ) No estudo realizado por Soon Hyo Kwona e colaboradores, feito exclusivamente em região periorbital, comprovou-se maior eficacia de resultados quando utilizadas agulhas de 1,5 mm, por atingirem derme profunda ( 2 )
O estudo realizado por Michael H. Gold mostrou que 3 sessãoes consecutivas de tratamento, com intervalos de 3 a 4 semanas, melhoraram significatiamente a textura da pele, rugas, brilho e pigmentação. A melhora dos parâmetros de pele,

No pós imediato os pacientes apresentaram eritema transitório, edema leve e púrpura leve a moderada que se resolveram em 5 a 10 dias e retornaram às atividades normais em 24 horas.(14) começaram a partir do primeiro tratamento e duraram por 3 meses após a ultima sessão. ( 11)

5. CONCLUSÃO

A radiofrequência microagulhada, também conhecida como microagulhamento robótico, apresenta eficácia no tratamento de flacidez na região palpebral. Por ser um procedimento minimamente invasivo, com a profundidade de penetração das agulhas e ação de aquecimento bastante controlados, têm se mostrado um tratamento seguro para região periorbicular dos olhos. Os efeitos adversos nos artigos estudados, se mostraram com pouca incidência e quando ocorreram, reverteram naturalmente dentro do prazo máximo de 30 dias. Os pacientes não precisaram ficar afastados de suas atividades profissionais. Os cuidados pós tratamento são evitar exposição solar e o uso de protetores solares, o que já é atividade rotineira e condição essencial para quem busca procedimentos de rejuvenescimento. Os melhores resultados são conseguidos com o mínimo de 3 sessões, com espaço de 30 dias entre elas. A melhora evolutiva continua ao longo de 6 meses após o início do tratamento.

Deve-se considerar que esse tratamento tem suas indicações para rítides de grau leve e moderado, não substituindo a blefaroplastia cirúrgica em casos de rítides graves. Porém tem indicação para pacientes após cirurgia de blefaroplastia, para tratar o tecido remanescente dando maior firmeza na pele pela formação de novo colágeno.

Para entender melhor sobre Radiofrequência, antes de ler o artigo, sugerimos uma aula com informações bastante completas sobre o tem:

Como a Radiofrequencia ajuda na redução da flacidez?



Publicado por:
Mestre em Medicina/Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Prótese Dentária, Prótese Bucomaxilofacial e em Harmonização Orofacial. Coordenador de cursos em Implantodontia e Harmonização Orofacial do Instituto Velasco, Diretor do Hospital da Face. Trabalha desde 2011 em harmonização facial.